OPINIÃO E INFORMAÇÃO Facebook Twitter
Maceió/Al, 20 de abril de 2024

Colunistas

Valderi Melo Valderi Melo
É jornalista profissional formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) desde 1994. Há mais de 20 anos escreve sobre a política alagoana.
09/07/2017 às 03:18

No circo da política de Brasília quem tem rabo de palha que se salve

Com sua situação politica cada vez mais complicada, é bom o presidente Michel Temer ‘botar as barbas de molho’. Denunciado pela Procuradoria Geral da República, Temer tem feito de tudo para conseguir que a denúncia seja rejeitada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, antes mesmo que chegue ao plenário. Mas, ele pode confiar nos aliados [partidos] que integram seu governo.

E aí que Temer deve ‘botar as barbas de molho’. Em um Congresso Nacional – diga-se Câmara dos Deputados e Senado – formado em sua maioria por políticos fisiologistas, o presidente deve se lembrar do que aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff que teve o mandato cassado sem que existissem provas concretas do envolvimento dela com a corrupção. Dilma confiou nos ditos aliados e viu no que deu: terminou perdendo o mandato.

E como diz outro famoso ditado ‘quando o navio começa a afundar, os ratos são os primeiros a abandoná-lo’, o presidente Michel Temer atua para garantir os votos a seu favor na CCJ, seja com liberação de verbas para integrantes da comissão, seja com a substituição dos deputados apontados como favoráveis à aceitação da denúncia da PGR. Apesar de contar com uma base aliada forte, o presidente sabe que não pode descuidar.

E nesse circo de Brasília, onde a classe política tem levado pressão da PGR desde o início das ações da operação Lava Jato, muitos deputados e senadores mudam de posição de acordo com ‘o balançar do mar’, muitos jogam para a plateia e deixam se levar pelo movimento das redes sociais. Ao que parece é um meio onde lealdade e confiança passam longe, que o digam o ex-senador Delcidio Amaral, o ex-deputado Eduardo Cunha e a ex-presidente Dilma.

Delcidio foi preso ainda como senador por ordem de um ministro do STF [o mesmo STF que negou prender o senador tucano Aécio Neves], acusado de atrapalhar as investigações da Lava Jato. A decisão final sobre sua prisão caberia ao plenário do Senado, mas o então petista não obteve apoio dos ‘colegas’, sendo que entre os 81 senadores existem pelo menos uns 30 investigados. Fica aí o1º exemplo de que na hora do aperto o que vale é salvar a própria pele.

O segundo exemplo cabe para a ex-presidente Dilma Rousseff. Dilma fez de seu governo um grande balcão de negócios, abriu vaga nos ministérios para todo tipo de partido, acreditando que uma base forte lhe garantiria a governabilidade. Mas quando veio a hora da verdade, a hora em que houve a abertura do processo de impeachment, a petista foi abandonada pelos ‘ratos que usufruíram de seu governo’. E deu no que deu. Ela ficou sem mandato.

Mas, o mais claro exemplo de que no circo político de Brasília não existe camaradismo, amizade nem lealdade fica para o ex-todo poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha, hoje preso em Curitiba por ordem do juiz Sérgio Moro. Cunha se achou o mártir por ter sido responsável pela abertura do processo que levou à cassação da ex-presidente Dilma Rousseff. Batia no peito e se vangloriava de ter mais de 200 deputados no ‘bolso’.

Quando foi denunciado pela PGR acusado de mentir na CPI da Petrobras e teve sua cassação pedida, viu-se abandonado por aqueles que se diziam seus amigos e que estavam em seu ‘bolso’. Primeiro foi afastado da presidência da Câmara, enfrentou um processo devastador na CCJ e por fim teve o mandato cassado por 450 votos em plenário. Tinha sido eleito presidente da Câmara com 267 votos, mas na votação em plenário obteve apenas 10 votos.

Pode ser que com Temer a situação venha a ser diferente, mas os recentes exemplos mostram que não se pode confiar e como diz um outro ditado ‘prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém’. O presidente sabe das dificuldades que enfrenta com a denúncia feita pela PGR, sabe que traições são corriqueiras em Brasília e não perder o apoio de aliados importantes, como o PSDB, que uma hora diz que sai, outra hora diz que fica no governo. Mas vá lá saber.

Comentários

Siga o AL1 nas redes sociais Facebook Twitter

(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]

© 2024 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.