OPINIÃO E INFORMAÇÃO Facebook Twitter
Maceió/Al, 20 de abril de 2024

Colunistas

Valderi Melo Valderi Melo
É jornalista profissional formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) desde 1994. Há mais de 20 anos escreve sobre a política alagoana.
15/07/2017 às 16:00

17 de julho de 1997: Um dia que ficou na história política de Alagoas

Manifestantes derrubam grade para invadir a Praça Dom Pedro II. (Foto: Adailson Calheiros) Manifestantes derrubam grade para invadir a Praça Dom Pedro II. (Foto: Adailson Calheiros)

Quinta-feira, 17 de julho de 1997. 20 anos depois, um dia que ficou marcado na história política de Alagoas. O Estado vivia uma série crise financeira, os servidores com oito meses de salários atrasados, o governador da época, Divaldo Suruagy, não encontrava uma solução para o problema. A Praça Dom Pedro II quase vira palco de uma cena de guerra. Havia grande temor de um confronto sangrento entre soldados do Exército e policiais civis e militares.

Dentro do plenário da Assembleia Legislativa, a tensão também era enorme com deputados encurralados – alguns até armados – que teriam que votar o pedido de impeachment do governador Divaldo Suruagy. Três vezes governador de Alagoas, senador, deputado federal, estadual e prefeito de Maceió, Suruagy vinha sendo forçado por aliados a renunciar, mas relutava em tomar tal decisão e a crise cada vez maior ficava maior.

Dias antes das cenas de guerra que tomariam o noticiário de todo o país, servidores públicos já haviam protagonizado um embate em frente ao Palácio do governo, quando, ao final de mais uma mal sucedida negociação entre Suruagy e sindicalistas, um protesto terminou em confronto com os poucos militares que não estavam em greve. A explosão de uma bomba de efeito moral na mão de um servidor acirrou ainda mais os ânimos.

Com oito meses de salários atrasados, o funcionalismo vivia um clima de comoção depois de terem sido anunciados ao menos quatro suicídios motivados pela crise financeira.  Hospitais parados, delegacias fechadas, estudantes sem aulas e o comércio com as vendas estagnadas eram o retrato da crise que assolava o Estado. Com bombeiros, policiais civis e militares em greve, o governo recorreu ao Exército para reforçar a segurança dos prédios públicos. 

Os servidores exigiam a saída do governador e no dia 17 de julho de 1997 a Praça Dom Pedro II se transformou em palco de guerra; uma multidão ameaçava invadir a Assembleia Legislativa exigindo que os deputados estaduais, então acuados, votassem o impeachment do governador. Após horas de confinamento no Palácio e pressionado pela sociedade civil, Suruagy aceitou renunciar e passou o cargo ao vice, Manoel Gomes de Barros, o Mano.

Personagem marcante daquela época, o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) viria a se eleger governador em 1998, sendo reeleito em 2002. Lessa – que havia administrado Maceió entre 1993/1996 – foi para a linha de frente dos protestos junto com uma boa parte da esquerda alagoana. Ao assumir o governo, pegou o Estado em uma condição melhor, com contas praticamente equilibradas, mas uma dívida enorme junto ao governo federal.

Livro relembra fatos do 17 de julho

Joaldo Cavalcante lança livro nesta segunda, 17, a partir das 19 horas no restaurante Anamá, relatando fatos daquele distante 17 de julho de 1997. O livro conta com depoimentos de figuras que participaram diretamente dos atos contra o então governador, bem como traz narrativa de jornalistas que trabalhavam na cobertura e que viveram momentos de tensão com os desdobramentos que poderiam acontecer naquele fatídico dia.

Após perder a praça, o Exército recua para proteger a Assembleia Legislativa. (Foto: Gilberto Farias)

Comentários

Siga o AL1 nas redes sociais Facebook Twitter

(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]

© 2024 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.