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Wadson Regis Wadson Regis
Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.
08/02/2019 às 10:26

Boate kiss, Brumadinho, Pinheiro, enchentes, incêndios, guardas municipais... a tragédia primeiro, depois as providências

No Brasil dos equívocos tem sido assim há décadas. Ocorrências previsíveis, geralmente pela conivência e inoperância entre os poderes constituídoscolocam vidas em risco, até que a tragédia seja consumada.

Casos como o incêndio na Boate Kiss, que matou 242 pessoas e feriu outras 680, numa discoteca da cidade de Santa Maria (RS), são corriqueiros. A tragédia ocorreu no dia 27 de janeiro de 2013 e foi provocada pela imprudência e pelas más condições de segurança no local, que não tinha autorização para funcionar daquele jeito. Entre as vítimas haviam menores de idade, consumindo bebidas alcoólicas no meio da madrugada.

O rompimento da barragem de Brumadinho, no dia 25 de janeiro deste ano, resultou em um dos maiores desastres com rejeitos de mineração no Brasil. A tragédia de Mariana, de 2015, é, até então, o mais grave desastre ambiental da história provocado por vazamento de minério. Nos dois casos sabe-se, após o ocorrido, que empresa, funcionários e a população sabiam dos riscos.

Os fenômenos que ameaçam uma catástrofe no Pinheiro e bairros vizinhos começaram há mais de 20 anos. Foi preciso casas e prédios racharem, crateras se abrirem em via pública para que os moradores pedissem socorro.

As enchentes em cidades banhadas por rios, principalmente na Zona da Mata, têm destruído cidades e enlutado famílias desde 1969, quando a primeira grande “cheia” destruiu boa parte da cidade de São José da Laje, matando mais de mil pessoas.

No mais recente episódio, em outro conceito de puro descaso, três guardas municipais de Branquinha utilizaram força extrema para colocar, na mala do carro da guarda, um jovem que ameaçava moradores. Armados até com espingardas agrediram o suspeito, que não reagiu à investida e, dias depois, foi encontrado morto. Neste caso vale ressaltar que os guardas não tinham autorização para atuar armados, mas trabalhavam armados com o consentimento do prefeito, que é filho de um promotor de Justiça atuante, no Ministério Público do Estado. Quantas guardas atuam irregular em Alagoas? é o que a Justiça vai investigar.

O resumo dessa ópera mal ensaiada, há tanto tempo, é que quando se apresentam reúnem multidões solidárias com as vítimas dos fatídicos episódios. Em meio à comoção tudo o que é poder, e a mesma comunidade que se calou até ali, passam a cobrar providências e pedir a condenação dos “culpados”.

No Brasil dos equívocos tem sido assim há décadas. Ocorrências previsíveis, geralmente pela conivência e inoperância entre os poderes constituídos colocam vidas em risco, até que a tragédia seja consumada.

A perícia, no máximo, revelará o que aconteceu. O resto entra para a história.

Até quando? Esta é a questão.

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