Num evento
recente, no Texas (EUA), um palestrante chinês disse que, muito em breve, essa
onda de caminhar, correr, dirigir e até nadar com smartphone na palma da mão será
coisa do passado. A novidade, ele garantiu para milhares de expectadores, será a
pesquisa, os jogos, as mensagens e todas as formas de mexer com o que hoje chamamos
de universo digital estarem disponíveis em relógios (já disponível), lentes de
contato (olhos) ou chip no corpo do usuário. Essas novidades foram discutidas
sem muita revolução para a turma que domina a tecnologia. E porque tal notícia
não viraliza nos grupos de Whatsapp? Porque no momento atual o que predomina é
o compartilhamento e a consequente preocupação com a coisa ruim, denominada de fake news.
No campo social dos dias atuais, chamar o mulato de negro pode configurar crime; chamar um gay de veado, dependendo da forma como for dita, pode gerar processo; enfim: agir conforme sua vontade, pelas prerrogativas da liberdade de expressão, geralmente tem causado mais processos e confusão que qualquer outra coisa.
Democracia sem discussão
Estes dois exemplos
caem muito bem para a política brasileira que, queiram ou não, passa por um
processo de transformação.
Pense comigo a possível cena:
Digamos que a
situação fique ainda mais complicada para os moradores do Pinheiro, Mutange e
Bebedouro. Daí o prefeito da capital convida o governador do Estado para uma
audiência com o presidente da república. Eis que chega o grande dia. Bolsonaro
já começa prejulgando a Braskem, quando é interrompido por Renan Filho, que diz
conhecer a origem do problema, fala que a prefeitura foi lenta e que sabe como
resolver. Bolsonaro passa a palavra a Rui Palmeira e o prefeito diz que Renan
Filho sabe de tudo, mas não consegue, sequer, resolver o problema do HGE.
Bolsonaro reclama e puxa a orelha do governador, porque sabe que nos últimos
anos foram liberados milhões para a saúde no Estado. Renan Filho intervém,
novamente, e diz que sabe como fazer a reforma da previdência avançar. Rui
pergunta se ele sabe como resolver o problema que foram tratar e o governador
dispara: De nós aqui eu tenho a melhor aprovação popular. Se a população confia
em mim, vocês têm que deixar a politicagem de lado e me ouvirem. O presidente,
então, volta a ser o velho capitão: É... Alagoas realmente precisa de atenção. Olha... eu vou falar com o Onix e vou marcar um dia para ir até Maceió. Ô governador, avisa
lá aqueles sindicatos do PT, que estão com você, que eu tô puto com eles. Os
sacanas deixaram professores na mão, lá no caso do Fundeb. Sacanagem, porra.
Daí... Rui, de forma surpreendente, diz: Pois é, mas no caso do ajuste para evitar
o colapso nas contas do município os sindicatos aliados dele quebraram tudo lá
na Câmara e o pau cantou. O bom capitão deu o tom dos dias que virão: Porra,
prefeito, tira essa bunda da cadeira, vai pra rua, enfrenta esse cara lá que eu
cuido do pai dele aqui. E olha: o povo tá de olho em vocês. A ABIN (Agência
Brasileira de Inteligência) me passa tudo. Agora o grampo tá comigo.
Agora... imagine as entrevistas pós audiência...
Bolsonaro: Foi um encontro bom, mas eu disse ao prefeito que tire a bunda da cadeira, vá pra rua e enfrente o filho do Renan.
Renan Filho: Olha, eu estive aqui para falar ao Jair Bolsonaro, que sei como resolver o problema do Pinheiro. O cara não ouve. Quando falei que tenho a senha para aprovar a reforma da previdência o cara enlouqueceu. Saio daqui muito preocupado.
Rui Palmeira: A reunião foi boa. O presidente garantiu que vai a Maceió.
Rui faz parte de Maceió
Renan Filho faz parte de Alagoas
Bolsonaro faz parte do Brasil.
Sabe qual é a moral da história?
Essa reunião deveria ter acontecido faz tempo. No futuro será apenas uma lenda.
Temos três personagens de estilos e condutas diferentes, o que seria ótimo para a democracia.
Por falar em liberdade de expressão, posso até ser processado. Mas é isso: Democracia sem crise é tão ruim quanto casamento sem sexo
Não é meu caso.
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