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19/03/2018 às 09:10

Caso Marielle: um tiro nos Direitos Humanos

* Ricardo Rodrigues

A morte e a morte de Marielle Franco (PSOL/RJ) não serão em vão; já fazem parte do imaginário popular e do calendário de lutas dos militantes dos direitos humanos. A sanha dos assassinos foi tão estupida que quiseram calar uma voz que não se cala. Quiseram matar quem não morre de morte matada. Mesmo depois de morta, Marielle está presente. 

Quiseram calar uma ativista abnegada, uma mulher de fibra, uma cidadã do mundo. Quiseram emudecer sua voz firma em defesa dos mais fracos, dos mais necessitados, dos injustiçados e desvalidos. Muito pelo contrário, agora essa voz grita mais alto. Agora ecoa mais longe. Já não se limita ao Estado do Rio de Janeiro, ganhou o mundo. 

Ela era antes de tudo uma ativista em defesa dos direitos humanos e deve ter morrido por isso. Por ter desafiado os mercenários, os milicianos, os policiais bandidos, os grupos de extermínio. Por ter enfrentado todo tipo de preconceito e discriminação, agora ainda sofre tentativa de difamação por parte dos inimigos do povo. 

Marielle e seu motorista Anderson podem ficar certos, onde quer que vocês estejam, a morte de vocês não ficará em vão, não cairá no esquecimento. Servirá de marco na luta contra o racismo, a homofobia e a discriminação racial. Servirá de exemplo para as novas gerações, de que vale a pena ser honesto, trabalhador e decente. 

Se quiseram amedrontar os ativistas de direitos humanos, com a morte de Marielle, o tiro saiu pela culatra. Agora que nós vamos nos unir e nos fortalecer cada vez mais. Até porque não nos intimidamos com atitudes covardes e mesquinhas, muito menos com truculência, violência e terrorismo.

Somos todos e todas Marielle e Anderson. Somos todos ativistas de direitos humanos, até porque direitos humanos, diferentemente do que pensa a população alienada e enganada pela mídia global, não é coisa de bandido. Muito pelo contrário, é coisa de herói e heroína, como Anderson e Marielle, e muitos outros e outras...

Somos pela paz e pela justiça, não queremos vingança, dente por dente, olho por olho. Queremos a apuração rigorosa dessa execução sumária que ceifou a vida de Marielle e Anderson. Exigimos cadeia para seus algozes, para os executores materiais e para os autores intelectuais. Queremos todos presos julgados e condenados. Que mofem na cadeia, com a privação da liberdade.

Somos pela conscientização porque sabemos que a alienação é prejudicial ao desenvolvimento do povo, para que possamos evoluir como pessoas e cidadãos. Não temos mais tempo para nos dispersar, vamos no unir em torno dessa bandeira, a bandeira da paz e da justiça social. Contra qualquer tipo de discriminação, preconceito e homofobia. 

É uma pena que, apesar de tudo, pessoas do povo ainda pensem que direitos humanos “é coisa de bandido”. Que ativistas dos direitos humanos só saiam em defesa de bandidos. Muito pelo contrário, os bandidos mais combatidos pelos ativistas dos direitos humanos são os bandidos ricos, de colarinho branco, que abusam da corrupção e tiram do povo todos os seus direitos.

Mas o direito que mais sonegam do povo – e que por isso mesmo lhe causa tanto mal – é o direito à compreensão da realidade que o cerca. Ou seja, o direito de compreender melhor a atual conjuntura; de observar corretamente os fatos e tirar conclusões mais acertadas. A alienação vem daí, da falta de compreensão correta da realidade, e deixa a pessoa fragilizada, propensa a aceitar situações e ideias que colocam em risco a sua própria vida. 

Costumo dizer que o alienado é vítima do sistema alienante, que se utiliza dos meios de comunicação para massificar as pessoas, para torna-las escravas de opiniões deturpadas, como essa que diz que direitos humanos “é coisa de bandido”. Muito pelo contrário, direitos humanos são direitos elementares, ou seja, coisas indispensáveis à dignidade das pessoas.

Quando a ONU, em 1948 publicou a famosa Declaração Universal dos Direitos Humanos, não o fez para defender bandidos, muito pelo contrário, o fez para livrar o povo da bandidagem, principalmente dos terroristas, dos paramilitares, dos mercenários, do crime organizado e dos corruptos que deixam o povo sem chão, sem vida e sem esperança. 

Bandidos de todas as facções criminosas, que se juntam a políticos ladrões e empresários inescrupulosos, para explorar, torturar, mutilar e matar pessoas do povo, que defendem os direitos humanos e uma sociedade mais justa, mais fraterna e humana. Marielle e Anderson, a exemplos de muitos outros, como Chico Mendes e Tim Lopes, não morreram em vão.

Caberá ao eleitor, nas eleições deste ano, dar a resposta correta à essas mortes, votando em candidatos que não tenham compromisso com a truculência, a corrupção e a violação dos direitos humanos. Não aderindo a um projeto de sociedade ainda mais desumana, corrupta e desigual do que o que essa que ora temos. 

Por esse motivo escrevo esse texto, destaco essa observação, para alertar o eleitor brasileiro do seu verdadeiro papel na hora de digitar o seu voto na urna eletrônica. Para evitar que ele vote em candidatos que aplaudem discriminações, estupros, violências e homofobias. Esses candidatos são inimigos do povo. Eles tentaram calar Marielle e Anderson, Não conseguiram. Não conseguirão!

*é jornalista

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