Artigos

Geraldo Câmara - jornalista

As pessoas podem ter o “status” que tiverem, podem ser empresários, milionários, deputados, senadores, governadores e até mesmo presidente da república e assim mesmo devem respeitar o próximo seja também ele quem for. Caso contrário, não estarão se dando ao respeito. O presidente não está praticando esta comezinha regra de educação e de civilidade quando resolveu nos tratar, a nós jornalistas, como uma raça à parte e ainda mais, segundo ele, em extinção.

Ora, desde que o mundo civilizado existe a comunicação se faz entre os povos e o comunicador, o jornalista, ainda que com outros nomes está aí, a desempenhar essa função, às vezes prazerosa, às vezes dificílima e muitas outras vezes, perigosa.

Parece que o presidente que, desde a campanha, se arvorou em rei do “twitter” achando talvez que pudesse substituir os jornalistas com suas frases, de vez em quando de baixo efeito e quase sempre sem efeito algum deve ter chegado com suas elucubrações mentais à triste constatação de que somos uma “raça à parte” e em “extinção”, talvez por achar que ele está acima de tudo e quem sabe que no sentimento egocêntrico já esteja até mudando o seu próprio “slogan” de campanha para “eu acima de Deus”.

Na sua oratória contra a nossa “raça de jornalistas” ainda diz o presidente que “quem não lê jornal está informado e quem lê está desinformado”. Acho que talvez ele não faça nem uma coisa nem outra ou talvez pertença a outra raça, a de “fakes” que assolam o país possivelmente com mais crédito junto aos novos consumidores de jornalismo sem respaldo.

Na verdade vejo com muita tristeza episódios como esses vindos de um presidente da república que não está respeitando uma das mais antigas e produtivas profissões do mundo, devidamente encarnada na história e não nas estórias, participante ativa dos destinos de muitos países e não só do nosso.

Que pena ver que o nosso presidente, a quem respeito como tal, não se dá ao respeito. Mas ainda está em tempo de ele próprio não ir para a “lista do Ibama”.