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05/05/2017 às 17:48

O Grupo Escolar Rui Barbosa

Sabino Fidélis de Moura (*)

"Não é a terra que constitui a riqueza das nações, e ninguém se convence de que a educação não tem preço".

Muito já se ouviu falar do grande jurista, intelectual e senador Rui Barbosa. Por certo nada mais a acrescentar.

Eis que surge uma lembrança - daquelas que afaga o coração e, acalenta a alma, enche os olhos de lágrimas...

É um passado tão próximo!

Eu estava ali, adentrando no espaço mágico do aprender, do saber, da descoberta...

Não tenho com deter as lágrimas, pois a Escola da minha vida estava ali diante dos meus olhos com todos os seus fascínios.

A Praça de chão batido lhe servia de tapete, seu muro baixinho - demonstrava a sua grandiosidade, sua exuberância.

Nada me escapa à memória, a porta aberta fazendo o convite - venha; pois aqui é a sua vida que eu quero moldar.

Um ambiente novo, inusitado, cheio de incontáveis novidades: "Ahhh! Tem que ir pra fila e, enfileirado cantar de peito estufado o hino nacional".

Quanto orgulho!

Observar as regras, os menores na frente, os maiores atrás... Nada escapa ao atento olhar.

O pátio da escola representava uma imensidão. As salas de aulas umas próxima das outras, num perfeito sincronismo.

Lá é o primeiro ano, depois o segundo ano depois o terceiro ano, por último o quarto ano...

Quanto doeu em mim imaginar que esse dia chegaria, mas velozmente aconteceu.

Mas permita-me antes contar, com o mais profundo carinho, respeito e gratidão às minhas professoras, que pela ordem foram: Denilde Palmeira - dona de divina paciência, jovem, bonita, inteligente, me doou afagos e carinhos, que nunca esquecerei. Me apresentou as primeiras letras.

No segundo ano, outro raro exemplar de mulher bonita e culta da nossa terra Anadia, a professora Genilda Messias.

Veio o terceiro ano sobre a batuta de duas grandes mestras: Lourdes Rocha e Maria Barros.

Nas bancas de tiras e duplamente agrupadas, rapidamente chegou o quarto ano. Ele veio com muitos desafios - fui eleito presidente do grêmio estudantil, apresentado aos primeiros passos da democracia pela professora Bernadete Claudino.

Ahhh! Mas dá tempo contar que já estava afiado nas travessuras, brincadeiras, rinchas e as inevitáveis brigas.

Já tinha se tornado célebre aos nossos ouvidos a frase "Quando acabar a aula..Lá fora a gente se acerta... Você vai vê".

Fui salvo vários vezes pelos leais companheiros: Manoel da Dona Guinela; Carlinhos do Seu Antônio Aprigio, Luiz Barguilha, Soldadinho e pelos gêmeos Paulo e o Dão da Chã do Brejo.

Era um defesa enfática - "se bater nele bate em mim também". Escapei ileso!

Há que se ressaltar as grandes mestras Elusa Carneiro e Shiley Cavalcante que também me impulsionaram no aprender.

Claro que tinha o lanche da escola!

A Zefa Porto, que além de organizar a filha cuidar do feitio do mesmo, também tocava o sino.

Sino este que nos serviu de guia, quem o escutou e se ligou, foi em frente, venceu na vida...

Um hiato tenho que fazer!

Como a minha casa ainda fica a menos vinte metro da escola, não consegui até hoje cortar o cordão umbilical que me liga ao hoje octagenário Grupo Escolar Rui Barbosa.

A doce e deliciosa lembrança do lanche que minha mãe Ana Márcia sempre fez questão de levar. De tão generosa porção me fez bem alimentado e forte, me incentivando a dividir com os meus colegas.

Para alguns, este era um dos motivos para me acusar de possuir tantos defensores e ferrenhos amigos...

Ledo engano!

Tenho todos eles na minha memória, se desafiado serei capaz de falar seus nomes completos, uma a um, de A a Z.

"Pega a peça figurado o que Anadia goza, Guerreiro do Rui Barbosa tá em primeiro lugar".

Com esse versos fui mestre, dancei e cantei junto com Milton Torres, Nilson Torres, Luiz do Pinche, o meu irmão Sandro Fidélis, Paulo dos Anjos, Eluzenita, Lúcia do Zé Clotildes, Ana Braga, Rejane Marques, Ana Lúcia, Silvia Palmeira...

De tantos percorrer os municípios vizinhos para as apresentações, na condução e incentivo da maestral diretora Maria Jose Carneiro, através das dações conseguimos comprar a banda marcial do Rui Barbosa.

Cortei os cabelos longos para ser mestre de guerreiro, por duas vezes desfilei como Dom Pedro I, proclamando a independência do Brasil, nos inesquecíveis desfiles do dia 7 de setembro.

Quanta alegria!

O dever cumprido, o orgulho de ouvir seus surdos e caixas de repiques rufarem junto com os tambores!

Não dá pra contar tudo de uma só vez!

A emoção, as lágrimas atrapalham, mas ainda dá tempo pra narrar que o coração já começava a palpitar...

Novo, ingênuo, o tolo e infantil coração se apaixonou pela Maria de Lourdes, Silvania, Valéria, Silvia, Dadinha, Sônia,Fátima...

Nada que comprometesse o futuro, era tudo platônico.

O agradecimento, a gratidão que possuo e devo as professoras, funcionários e colegas não tem com serem pagos. Não há fortuna que salde.

Sem querer fazer frases de efeito, mas verdadeiramente dizendo que o Grupo Rui Barbosa não é apenas uma parte de mim, mas com certeza, um todo de mim.

Seria um tolo querer nominar os ilustres - homens e mulheres, que tanto nos orgulham por ter passado pelas suas bancas e se tornado exemplo para nossa terra, nosso estado e país.

O Rui Barbosa é maior que qualquer de nós! E de uma coisa tenho certeza, nunca lhe faltarei, em hipóteses alguma.

Não importa se na glória ou na dificuldade, pois bem sei que já aconteceu - e com tristeza lembro quando que quase foram fechadas suas portas, por falta de professores - me tornei um voluntário. E o seu nome não ficou no chão, na lama.

Todos sabem que teve um tempo onde andou carecendo de uma reforma. Lutamos muito, mas lhe foram feitos os reparos devidos.

Hoje a escola se revigora, se renova com outra geração o que para mim representa muito, significa que a luz, a chama do saber nunca se apagará!

Parabéns a diretora atual Tânia Teixeira!

Haverá sempre quem te elevará o garbo, a bravura, o intelecto, o saber.

Não importa a nomenclatura que se utilize - grupo, escola ou universidade.

Viva o Rui Barbosa!

(*) É filho de Anadia


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