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09/11/2020 às 13:00

Crônica: O Buquê

Rodrigo Alves de Carvalho (*)

O sonho de Vanessa era casar. Sabia que esse sonho estava próximo de se realizar, pois já tinha uma casa que seu pai havia comprado para ela, tinha umas economias para a mobília e para o enxoval e tinha o mais importante, o noivo. 

Porém, o problema era justamente o noivo. 

Antônio estava enrolando Vanessa há oito anos. 

Antônio amava Vanessa, é claro que queria casar, mas a vida de solteiro, o boteco com os amigos, o futebol nos finais de semana, o sossego de morar com os pais sem crianças por perto... tudo isso fazia com que adiasse o máximo possível o casório. 

Enquanto Vanessa e Antônio não juntavam os trapinhos, suas amigas iam casando. 

Vanessa então dá um ultimato a Antônio: 

- Se um dia eu pegar o buquê da noiva, nos casamos o mais rápido possível, senão largo de você! 

Dessa forma os casamentos em que eram convidados passaram a ser o inferno para Antônio. Se eram convidados começava a suar frio, ter febre, falta de ar... 

No casamento de um primo de Antônio, estavam todas as solteiras preparadas para pegar o buquê da noiva. Vanessa estava mais ao fundo. Antônio desesperado fingiu dar a maior força a ela. 

- Vai lá amor estica bem os braços que você pega. 

Ficou atrás dela incentivando, quando a noiva jogou o buquê, Antônio pisou na barra do vestido de Vanessa e ela não conseguiu sair do lugar. Por sorte o vestido tinha alças senão ela ficaria com os peitos de fora. Ele disse que foi sem querer, não havia visto seu pé sobre o vestido. 

Num outro casamento de uma amiga, Antônio novamente fica atrás de Vanessa dando a maior força para que ela agarre o buquê. Quando este cruza o ar, Vanessa levanta os braços e Antônio finge que ela bateu em sua mão derramando um copo cheio de cerveja sobre ela. Encharcada de bebida, a moça não pode pegar o buquê. 

Já num outro casamento, Antônio deu dez reais para um garoto dar um esbarrão em Vanessa na hora do buquê. Porém o garoto fez tão bem o combinado que Vanessa acabou caindo quando o garoto veio correndo e colidiu com ela enquanto o buquê viajava sobre o salão. 

Cansada de sabotagens de Antônio, Vanessa também decide usar estratégias para pegar o buquê no casamento de uma grande amiga de infância. 

Combinaram que a noiva jogaria o buquê para ela. 

No dia do casamento, quando as solteironas se aglomeraram para pegar o buquê, lá estava Vanessa com Antônio atrás, incentivando como sempre. 

A noiva vira de costas e prepara-se para contar até três: 

-Um! 

Vanessa fecha os punhos e cerra os dentes. 

- Dois! 

Ela se vira rapidamente para Antônio e mete um soco em suas partes baixas. Antônio se abaixa gemendo de dor. 

- Três! 

Vanessa se vira novamente para a noiva que atira o buquê direto em suas mãos. 

(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores. 


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