Arnóbio Cavalcanti

A teoria do consumo das pessoas sob diferentes perspectivas: economia para não economistas

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A teoria do consumo representa uma área da economia dedicada a analisar de que modo as pessoas tomam decisões relativamente à utilização dos seus recursos financeiros, com o objetivo de obterem a maior satisfação possível dos bens adquiridos. Esta disciplina assenta em princípios fundamentais, como as limitações impostas pela renda pessoal, o produto interno bruto, a racionalidade dos consumidores, os bens homogéneos e a combinação ideal de bens a comprar.

Compreender o comportamento do consumidor é essencial para interpretar os ciclos econômicos e auxiliar economistas na formulação de políticas públicas.

Este artigo pretende promover uma reflexão acerca das cinco principais teorias que explicam o comportamento dos consumidores.

A teoria Neoclássico (os liberais)

A abordagem neoclássica do consumo baseia-se numa análise de caráter microeconômico. Esta perspectiva considera a economia sob uma ótica centrada no individualismo metodológico. Parte do comportamento do indivíduo, assumindo que o consumidor procura sempre maximizar a sua satisfação ou satisfazer as suas necessidades.

Quanto mais desejoso for um produto para o consumidor, maior será a sua disposição em pagar por ele. Quando se depara com a escolha entre dois produtos ao mesmo preço, o consumidor tende a selecionar aquele que lhe proporciona maior prazer ou satisfação.

De acordo com a teoria neoclássica, os consumidores procuram sempre combinar a aquisição dos seus bens de modo a obter a máxima satisfação possível, sem ultrapassar, obviamente, o seu orçamento disponível. Esta situação é designada por Óptimo de Pareto.

Teoria keynesiana (os defensores do Estado)

Diferentemente da teoria neoclássica, que analisa o comportamento de um agente econômico por meio de uma perspectiva microeconômica, Keynes opta por uma abordagem macroeconômica em sua teoria do consumo.

De acordo com Keynes, o consumo está ligado à renda nacional bruta. À medida que a renda total de uma nação cresce, o consumo também se eleva.

Segundo Keynes, o incremento nos investimentos do governo resulta em um crescimento da renda das famílias, impulsionando o avanço econômico. Por sua vez, o consumo extra das famílias, provocado pelo aumento dos gastos do Estado, acarretará um aumento nas vendas das empresas. Em consequência, essas empresas estarão aptas a aumentar suas despesas, e esse ciclo continua. Assim, forma-se um ciclo virtuoso na economia do país. Esse mecanismo é chamado de Multiplicador Keynesiano.

Teoria de Duesenberry

Pesquisa conduzidas pelo economista americano James S. Duesenberry revelaram que, diferentemente do que sugeria a teoria keynesiana, a propensão média a consumir (relação entre consumo e renda) não se altera ao longo do tempo, mesmo com o crescimento da renda. Com isso, ao aumentar a renda geral, não gera aumento imediato do consumo nacional.

A teoria de Friedman

Milton Friedman, que recebeu o prêmio Nobel de economia em 1976, propôs uma nova abordagem para a função de consumo. Segundo Friedman, a renda e o consumo das famílias são compostos por duas componentes: a renda permanente e a renda temporária, bem como o consumo permanente e o consumo temporário.

Pela teoria de Friedman, as famílias determinam seu nível de consumo com base na renda permanente. Alterações temporárias na renda, como as provocadas por uma perda de emprego, não necessariamente impactarão o consumo. Os integrantes da família, por sua vez, tendem a se apoiar mutuamente para preservar a mesma condição econômica.

Teoria de Modigliani

A hipótese de Franco Modigliani, prêmio Nobel da economia de 1985, considera que o consumo de um indivíduo é mais ou menos constante ao longo de sua vida. Para ele, os indivíduos planejam seu consumo ao longo da vida, levando em consideração sua renda esperada em diferentes períodos, como trabalho e aposentadoria. À medida que o indivíduo entra no mercado de trabalho, sua renda cresce e ele vai poder pagar seus gastos com consumo e economizar parte de sua renda, que usará para manter seu consumo na aposentadoria. Trata-se da Teoria do Ciclo de Vida.

Reflexão

Dentre essas cinco abordagens sobre o consumo, qual delas você considera mais válida? A teoria neoclássica, que sugere que os indivíduos atuam de maneira racional e moldam seu próprio consumo? A perspectiva keynesiana, que relaciona o consumo à renda nacional? O modelo de Duesenberry, que defende que a renda nacional não tem impacto sobre o consumo? A hipótese de Friedman, que propõe que o consumo é determinado pela renda permanente dos indivíduos? Ou a teoria de Modigliani, que argumenta que o consumo é influenciado

Arnóbio Cavalcanti

Arnóbio Cavalcanti

Sobre

Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.

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