Arnóbio Cavalcanti

O Fim do Liberalismo Clássico? A Ascensão do Capitalismo de Conchavo – economia para não economistas

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O capitalismo é frequentemente percebido como um modelo em que indivíduos e empresas privadas operam em função de seus próprios interesses, a disponibilidade de produtos gera automaticamente a demanda e os preços no mercado são determinados livremente. O cerne do capitalismo reside na busca pelo lucro, e o comportamento racional e individualista das pessoas contribui para a riqueza coletiva da sociedade.

Segundo Adam Smith, reconhecido como o fundador da economia moderna, a essência do sistema pode ser resumida na seguinte afirmação: "Não é a generosidade do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos para o nosso jantar, e sim o esforço que eles dedicam para atender aos seus próprios interesses.".

É difícil determinar um número preciso de nações que empregam o sistema capitalista, uma vez que existem várias modalidades de capitalismo, como o mercado livre, o capitalismo estatal ou modelos híbridos. No entanto, a grande maioria das nações ao redor do globo recorre a alguma forma de capitalismo para estruturar suas economias.

Este artigo tem como objetivo abordar as três principais correntes que analisam a dinâmica do capitalismo, oferecendo uma reflexão sobre a fase atual do sistema.

Escolas de pensamento

Pensamento liberas

Os liberais definem o capitalismo como um sistema econômico fundamentado no livre mercado. Portanto, a garantia da propriedade privada é essencial para o capitalismo. Além disso, a dimensão individual é importante (sucesso individual, espírito empreendedor, entre outros).

O principal representante da escola liberal é o economista americano Walt Whitman Rostow.

Para W. W. Rostow, as economias seguem um movimento natural de crescimento autossustentável, atingindo assim um ambiente sustentável. Para ele, toda sociedade desenvolvida passou necessariamente por três estágios principais: sociedade tradicional, decolagem econômica e consumo de massa, sendo que, nessa última etapa, chega-se à plenitude do sistema capitalista.

A tese de W. W. Rostow baseia-se, na verdade, em dois postulados. O primeiro é que, ao longo do tempo, todas as sociedades capitalistas convergem para o consumo de massa. O segundo postulado é que cada país tem que passar pelas mesmas 3 etapas descritas acima. As histórias dos países diferem, mas não as trajetórias. Não há outro modelo de desenvolvimento a ser perseguido pelas nações além do sistema capitalista.

Pensamento marxista

Por outro lado, o marxismo assume uma posição diametralmente anticapitalista. Em sua obra, O Capital (1867), Karl Marx descreve que o "sistema capitalista" nada mais é do que o símbolo da vitória da burguesia sobre o proletariado, o que ele denota como o princípio da exploração do capitalismo.

Na perspectiva marxista, o capitalismo é fundamentado na luta de classes: a burguesia explora o proletariado. Esse sistema busca manter o desemprego em massa dos trabalhadores, formando um "exército industrial de reserva" para manter os salários no nível mais baixo possível. Para Marx, no entanto, o capitalismo está condenado, pois, gera empobrecimento dos trabalhadores, crises de superprodução e tendência de queda da taxa de lucro. O capitalismo se condena a desaparecer.

O pensamento schumpeteriano

Ela também mergulhou na definição e conceituação do capitalismo. Em sua obra "A Teoria do Desenvolvimento Econômico" (1911), Joseph Alois Schumpeter enfatizou o elo fundamental entre capitalismo e inovação.

Ele via o empreendedor como o motor dessa inovação, gerando ciclos de boom e recessão que impulsionam o desenvolvimento econômico capitalista.

Reflexão

Desde o início de 2026, os EUA vêm assustando os mercados mundiais ao propor intervenção em assuntos de empresas privadas. Além disso, o governo americano está negociando comprar ações de empresas de capital aberto na Bolsa de Nova York. Na prática, o governo se tornou “sócio” de parte dos negócios privados. Além disso, ao introduzir a intervenção do estado no comércio externo com sua política de “tarifaço”, eles estão deixando de lado o multilateralismo.

O Fim do Liberalismo Clássico? A Ascensão do Capitalismo de Conchavo – economia para não economistas

Será que o governo Trump está começando uma nova fase de "capitalismo de conchavo"? A ideia de um liberalismo mais clássico está perdendo força? Será que Marx tinha razão? Ou será que estamos vendo uma verdadeira revolução inspirada por Schumpeter, impulsionada pelo avanço do “mundo digital”?

Arnóbio Cavalcanti

Arnóbio Cavalcanti

Sobre

Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.

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