A Eficácia da Política de Rendas no Brasil: Uma Reflexão
Como vimos nos artigos anteriores, podemos entender política econômica como o conjunto de ações que os governos adotam para gerir a economia. Essas ações se dividem em quatro áreas principais: política monetária, política fiscal, política cambial e política de rendas.
Neste artigo, vamos tentar compreender melhor o que é essa política de rendas e de que forma ela funciona no Brasil.
O que é política de rendas?
A política de rendas é um conjunto de ações que o governo toma para distribuir melhor a riqueza entre seus cidadãos e diminuir as diferenças sociais. Basicamente, ela busca garantir que o que é produzido no país seja dividido de forma mais justa, controlando preços e salários para evitar desigualdades excessivas.
Seguindo ideias inspiradas pelos princípios de Keynes, essa política dá prioridade ao planejamento econômico e, às vezes, à nacionalização de setores, tudo com o objetivo de distribuir mais equitativamente a riqueza produzida no país.
Acredita-se que, entre as várias maneiras de otimizar a política de rendas, estão o estabelecimento de limites ou congelamento de preços, a atualização da tabela do imposto de renda, a imposição de tributos sobre o patrimônio, a implementação de aumentos salariais, a modificação das taxas de juros, entre outras iniciativas.
É importante ressaltar que o Brasil enfrenta um significativo nível de desigualdade, posicionando-se entre as 10 nações mais desiguais do mundo em relação à renda. Aproximadamente 1% da população mais abastada do país possui uma renda anual que ultrapassa R$ 5,5 milhões e detém 27,4% do total da renda nacional. Em contrapartida, os 50% mais empobrecidos do Brasil detêm apenas 2% da riqueza total do país.
Nota-se ainda que as administrações progressistas no Brasil colocam ênfase nesse tipo de abordagem. É frequente implementar a definição e a modificação do salário mínimo, a fim de assegurar o poder aquisitivo da população. Entre as iniciativas notáveis estão os projetos sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, a Reforma Casa Brasil, e a Tarifa Social de Energia Elétrica para usuários de baixa renda que utilizam até 220 kWh por mês, entre outros, que visam enfrentar a desigualdade social.
O que dizem os economistas?
Para os economistas da vertente "neoclássica", as políticas de rendas são consideradas ineficazes e até nocivas, dado que apenas o mercado proporciona a alocação ideal dos recursos produzidos na economia. A sua total flexibilidade assegura que haja ajustes entre a oferta e a demanda da produção. Eles afirmam que "o pleno emprego e a equidade social" são alcançados pela "mão invisível" do mercado, com todos os participantes econômicos agindo de maneira racional, com foco em seus próprios interesses, sem a necessidade de intervenção do governo na economia.
Para os economistas "keynesianos", a inflexibilidade dos preços gera desajustes entre a oferta e a demanda dos bens na economia. A taxa de emprego está diretamente ligada às expectativas das empresas. Uma demanda insuficiente pode resultar, portanto, em desemprego involuntário. Por isso, o governo pode e deve priorizar a política de rendas de maneira eficaz para regular a distribuição econômica e impulsionar a economia.
Os economistas "marxistas" demonstram bastante ceticismo quanto à eficácia das políticas de rendas. O fundamento da análise marxista reside na sua percepção de que a economia capitalista é baseada na exploração dos trabalhadores, na reprodução do capital e na manutenção dos lucros dos capitalistas. Assim, dentro do contexto do sistema capitalista, os trabalhadores estão destinados a serem explorados. As políticas de rendas servem apenas como um remédio temporário para preservar a riqueza dos mais abastados.
Reflexão
Você confia na eficiência da política de distribuição de rendas que tem sido implementada pelos administradores de esquerda no Brasil? A qual corrente econômica você se sente mais associado?