A legalização dos derivados da maconha nos EUA: ponderações sobre recreação e riscos à saúde

Resumo
O governador de Ohio, Mike DeWine, recentemente(Out.2025) instituiu uma proibição temporária de 90 dias para a venda de produtos de cânhamo intoxicantes, destacando preocupações com a segurança pública e a saúde das crianças. Este artigo analisa a atitude permissiva dos governos federal e estadual dos EUA em relação à legalização de derivados da maconha para fins recreativos, sem considerar adequadamente os riscos de dependência e danos à saúde. Abordamos os estados que legalizaram o comércio de maconha, as receitas geradas e os custos associados ao uso abusivo desses produtos. Também abordamos as posições dos especialistas sobre o assunto.
1. Introdução
A legalização de produtos derivados da maconha avança a passos largos em várias partes dos EUA, enquanto crescem as preocupações sobre os riscos à saúde pública, especialmente para crianças e adolescentes. A recente proibição de produtos com THC em Ohio evidencia uma tentativa de lidar com esses riscos, mas levanta questionamentos sobre a responsabilidade do governo em garantir a saúde de seus cidadãos. A discussão central envolve a balança entre a saúde pública, liberdade individual e os lucros da indústria canábica.
2. Onde o comércio é permitido
Estados como Califórnia, Colorado e Oregon têm legalizado o uso recreativo da maconha, com a Califórnia liderando com uma receita estimada de mais de US$ 3 bilhões anuais, enquanto Colorado arrecada cerca de US$ 1,6 bilhão. A maconha utilizada varia, sendo frequentemente cultivada localmente.

3. O sistema regulatório
O sistema regulatório nos EUA é inconsistente, mas geralmente inclui licenciamento rigoroso, testes de qualidade e impostos elevados sobre os produtos. Além disso, muitos estados implementam programas educacionais sobre o uso responsável.
4. Opiniões de especialistas
Os especialistas estão divididos. Enquanto alguns, como o Dr. Ethan Nadelmann, argumentam que a legalização reduz o crime e gera receita, outros, como a Dra. Nora Volkow, Diretora do NIDA, alertam para os riscos de dependência e impactos na saúde mental.
5. Estudos sobre dependência
Pesquisas indicam que o uso de maconha pode resultar em dependência, especialmente em indivíduos mais jovens. Estudos mostram que cerca de 9% dos usuários desenvolvem dependência ao longo da vida.
6. O mercado da maconha
Empresas como Canopy Growth, Tilray e Aurora Cannabis dominam o mercado, investindo em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Acerca da Canopy, em 2021, a empresa relatou $230 milhões em receita anual. Os estados de Nova York e Califórnia são importantes mercados para eles, especialmente com a legalização do uso recreativo. A Tilray, que se fundiu com a Aphria, também é um grande player nessa indústria, com receitas que podem ultrapassar $600 milhões por ano. A Califórnia e o Colorado são estados-chave para o crescimento de sua receita devido à alta demanda. A Aurora Cannabis reportou receitas na faixa de $200 milhões anualmente, com partes significativas vindas de estados como Colorado e Illinois.
7. Brasil e a possibilidade de legalização
O debate sobre a legalização no Brasil é complicado, mas existem movimentos em direção à regulamentação, como o Projeto de Lei 399/2015. Um robusto sistema regulatório seria necessário para proteger consumidores e a saúde pública.
8. A posição do NIDA
O National Institute on Drug Abuse (NIDA) reforça que a legalização do uso recreativo não elimina os riscos à saúde e destaca os potenciais danos, especialmente para jovens.
9. Liberação do comércio de derivados do THC:
A legalização do comércio de maconha para fins recreativos começou a ganhar força em 2012, com o Colorado e o Estado de Washington sendo os primeiros a legalizar. Esses estados eram governados por democratas na época.

9.1. Gestão Política:
A maior parte das legalizações ocorreu sob a gestão do partido democrata, principalmente nos estados de maior destaque como Califórnia, Colorado, Oregon e Illinois. As administrações democratas têm sido mais favoráveis à legalização. Embora a maioria dos estados que legalizaram a maconha para uso recreativo tenha sido sob governadores democratas, o Alaska e Maine foram governados, em algum momento, por líderes que não eram estritamente democratas na época em que a legalização estava sendo discutida.
Barack Obama foi o presidente dos Estados Unidos durante o período inicial da grande liberação (2012). Sua administração não tomou medidas contra as legalizações estaduais, contribuindo para que os estados prosseguissem com seus próprios planos de legalização.
Atualmente, muitos estados têm leis que permitem o comércio de derivados do THC, e há uma crescente aceitação tanto entre legisladores democratas quanto republicanos, embora a maioria das legalizações ainda se dê em estados com governadores democratas
10. Conclusão
A legalização da maconha é um tema repleto de controvérsias. É irônico ver que muitos legisladores, mesmo cientes dos males da drogadição, ainda aprovam leis que permitem a venda de derivados do THC para uso recreativo, priorizando lucros em detrimento do bem-estar coletivo. Enquanto a saúde pública deveria ser a principal preocupação, os números crescentes de arrecadação parecem ter mais peso nas decisões. Assim, a dança continua: uma legislação que se move ao som dos dólares, enquanto a saúde pública faz seu melhor para não pisar no pé.
11. Referências bibliográficas
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