Wadson Regis

QUE CRIME É ESSE? Alagoas tem motoristas inabilitados transportando estudantes. E mais: 90% dos veículos seriam reprovados numa inspeção

O trânsito brasileiro mata sem piedade. Geralmente, o causador do acidente havia ingerido bebida alcoólica, estava ao celular, em alta velocidade ou é inabilitado, esta última infração cada vez mais comum, flagrada nas operações da Lei Seca e blitz do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV). São irresponsáveis ao volante, que viram criminosos após um acidente com vítima.  

Mas, o que dizer quando 100% dos gestores municipais descumprem, há 20 anos, uma lei federal estabelecida nos artigos 136 a 139, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)?

A Lei 9.503, de setembro de 1997, está completando 21 anos. São duas gerações a mercê dos cuidados de políticos criminosos, que têm a cara de pau de lamentar – à imprensa ou no velório -  e dizer que o município prestará toda ajuda para minimizar os efeitos após um acidente com o transporte escolar.

Perdas irreparáveis
Só em 2017 foram seis acidentes com veículos escolares, com a perda de oito estudantes. Se o número impressiona, o que dizer quando há motoristas inabilitados transportando gerações? E como defender prefeitos e prefeitas, quando 90% dos veículos escolares seriam reprovados numa inspeção de rotina?

Aos olhos de todos, os veículos geralmente circulam superlotados, com mais de dez anos de uso, sem monitor e sem equipamentos de segurança obrigatórios. Só que o risco é ainda maior:  O Conselho Estadual de Trânsito (Cetran) já sabe que há motoristas inabilitados ao volante e outros habilitados com a CNH categoria B, quando a lei determina que deve ser categoria D.

Com o levantamento em mãos, no dia 26 de setembro de 2017, o Detran Alagoas alertou os riscos à Controladoria Geral da União (CGU). Neste mesmo dia, diante do ministro da Transparência, Wagner de Campos Rosário e do governador Renan Filho, o transporte escolar do Estado passou a ser regulamentado, mas a instrução normativa não valeu de nada. O Estado municipalizou os recursos para o transporte escolar e os prefeitos continuam sem fazer o dever de casa.  

A CGU diz que a situação representa a má gestão do dinheiro público, mas a vida nos ensina que é muito pior. Permitir menores ao volante do transporte escolar, permitir a superlotação, fechar os olhos para a ausência de monitores, de equipamentos de segurança e que veículos inapropriados transportem o futuro deste país é um crime doloso.  

Com o crime em andamento, a culpa é generalizada, porque debatem educação de qualidade, mas esquecem de pensar na segurança dos estudantes, que saem de casa e desconhecem os riscos diários até chegar à escola.

Alô, governador!
Alô, Associação dos Municípios Alagoanos (AMA)!
Alô, Controladoria Geral da União (CGU)!
Alô, Ministério Público Estadual (MPE)!
Alô, Detran!
Alô, Concelho Estadual de Trânsito (Cetran)!

Até quando?

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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