Pense num coroa boa praça. Animado ao ponto de transformar um passo descompassado - de forró? - na turbina que lhe garantiu o mandato de senador da República, desbancando a então senadora Heloísa Helena.

Benedito de Lira é o decano da política estadual. O mestre é Renan Calheiros, mas Benedito começou a vida pública primeiro, aos 24 anos, como vereador de Junqueiro, em 1966. São 51 anos só de vida pública, com dois mandatos de vereador por Maceió, prefeito da capital, em 1977, três vezes deputado estadual, três mandatos de federal e eleito o senador mais votado nas eleições de 2010, à frente do mestre Renan e tirando a vaga de Heloísa.

Com um currículo desse não há motivação para duvidar da vitalidade de Benedito, que só não virou governador de Alagoas porque Teotonio Vilela lhe deu as costas. É preciso que seja feito justiça.

Mas na política não interessa os meios, vale o resultado. Benedito é, sem dúvida, o grande vitorioso, na política de Alagoas.

Aos 75 anos de idade, o decano se prepara para mais um embate, que pode ser o último em sua brilhante jornada.  

Sobre 2018 muito se fala, mas com  pouquíssima precisão do que realmente está acontecendo nos bastidores da profissional política alagoana.

Miguel Arraes, Leonel Brizola e Ulysses Guimarães foram políticos diferenciados que não realizaram o sonho do grande momento. Assim como eles, Benedito quase chegou lá.

É fato que ele não aspira mais esse sonho. A conjuntura não o favorece porque a missão é permanecer no Senado.

Mesmo com meio século só de vida pública, serviços prestados em todos os municípios do Estado e muito bem relacionado, Benedito corre o risco de ficar de fora, justamente na reta final de sua trajetória. A política tem dessas coisas. Os anos dizem tudo, mas não garantem nada.

Para encerrar com chave de ouro Benedito se mostra incansável para conseguir o improvável. A dificuldade não é para se manter na política, mas abraçar o que se propõe.

Benedito quer continuar senador, que o filho Arthur permaneça na Câmara Federal, que o enteado Marcelo assuma a Prefeitura de Maceió, que Rui Palmeira vença Renan Filho e que Teotonio Vilela  seja derrotado, num confronto direto que se aproxima.

Pelo que fez em 51 anos de política Benedito até teria direito à gratidão do povo alagoano, mas a política é desenhada a cada momento e os dias atuais mostram que o “sangue nos olhos” tirou do experiente senador o foco da razão dos fatos.

Benedito continua com o apoio da família Pereira e dos prefeitos aliados há anos. O que Benedito não percebeu é que, praticamente 100% da mesma turma que continua com ele também está com Renan Filho. Ou seja: Ele perdeu o charme para impulsionar a provavel candidatura de Rui Palmeira ao governo.  

Não duvide da capacidade de Benedito, mas sem charme para oferecer os aliados, quando o assunto é Governo de Alagoas.