Wadson Regis

Escadaria nas grotas retrata o tamanho do buraco de Alagoas

Escadaria será entregue neste sábado pelo governador Renan Filho

Alagoas, do primeiro e segundo presidentes do Brasil. Do primeiro presidente eleito pelo povo, após o regime militar. 

Já a capital, Maceió, é conhecida nacionalmente por suas belezas naturais e chamada de Paraíso das Águas. Não vale incluir o Salgadadinho, que deságua na Praia da Avenida, nem o Águas de Ferro, que afasta turistas e nativos da bela praia de Cruz das Almas.

Um dia alguém escreverá um livro ou produzirá uma série ou até mesmo um filme sobre a mesquinhez que move o 'setor' político deste Estado.

A cada escândalo nacional há sempre possibilidade de termos algo de Alagoas. Por conta de expectativas como esta chegamos aos níveis de pobreza, com o pior IDH do país, o maior número de analfabetos do país e o Estado e a capital mais violentos do país. É muito para um Estado tão pequeno e pobre em oportunidades de trabalho e extremamente miserável na qualidade e idoneidade dos políticos.

No último texto discordei do posicionamento do deputado federal JHC, que da Tribuna da Câmara vendeu para o país um “Estado de Guerra”. O discurso do parlamentar seria oportuno se ele mostrasse que Alagoas chegou mesmo ao fundo do poço, mas há uma mudança de comportamento da sociedade e de alguns políticos, como ele, por exemplo.

Alagoas grita por socorro há muito tempo, desde quando o pai de JHC, ex-deputado e enrolado com a Justiça tinha como slogan “O Grito do Campo”- quando deputado estadual e “O Grito de Alagoas”, quando federal.

Sem comparações, JHC, Rui Palmeira e Renan Filho representam a nova geração dos políticos de Alagoas, mas não podemos esquecer que são filhos de quem teve a oportunidade de evitar que chegássemos ao colapso.

Um simples exemplo do que quero explicar podemos ver no discurso de JHC, queimando Alagoas e esquecendo de dizer que o Estado bate recordes em ocupação hoteleira, que cresce na geração de oportunidades de trabalho, que passou a ter escolas em tempo integral recentemente e que, parte da culpa pela “guerra” é social que vivenciamos é por conta de quem representa o povo. Se continuar vendendo o Estado de Alagoas violento e o turista desistir de nos visitar, feche sua porta, porque o “bicho vai pegar”.

Também vejo com muita tristeza a mesquinhez do governador Renan Filho e do prefeito Rui Palmeira com os feitos na capital. O fato de serem oposição, de estarem em palanques diferentes não significa que não possam atuar juntos. Parte das assessorias e um magote de xeleléus esquentam o clima nos bastidores e escolhem as redes sociais para disseminarem venenos.

Alagoas segue, sim, na contramão da crise. Temos dois líderes jovens, filhos de nomes consagrados da política nacional (Renan Calheiros e Guilherme Palmeira). Os erros que a geração anterior cometeram precisam, urgente, que não sejam repetidos agora.

Para resumir e justificar a manchete deste texto cito um tease (comercial) do Governo de Alagoas sobre o Programa Pequenas Obras, Grande Realizações. Neste sábado, na Grota do Pau D'Arco, no Jacintinho, o governador Renan Filho fará a inauguração de escadarias, com meio fio, pontilhões, muro de arrimo e áreas de passeio.

Existia uma escadinha aqui; o próprio morador era quem fazia”, diz seu Francisco da Silva.

Antigamente aqui era tudo barro, era ladeira tudo liso, a gente ficava caindo. Teve gente que até quebrou perna, descendo essa ladeira, sem poder descer. Mulher grávida levava queda no inverno. Aí isso aqui mudou muito, muito mesmo mudou, oia. Então eu fico inté (sic) emocionada”, disse dona Josefa dos Santos, também moradora da grota.

A pequena obra certamente trará melhor qualidade de vida para os moradores. A mobilidade urbana também está gerando emprego. Uma das propostas é que parte da mão de obra seja da própria comunidade, como acontece com seu Caetano José da Silva, que estava desempregado há 14 meses.

Com a Grota Pau D'Arco o Governo de Alagoas atinge 22 comunidades beneficiadas em Maceió. Será a 22ª inauguração sem a presença do prefeito da capital. Se ele não quer ir, que o Estado diga que mandou o convite, porque a cidade tem prefeito. À turma da Prefeitura, que peça para ir, porque a cidade tem prefeito.

O Estado está fazendo o que ninguém fez até hoje. O município não faz, talvez porque não tenha recursos. Mas o povo não pode pagar mais esse preço. Obra não tem pai, nem mãe. O serviço é público. A “Guerra Social” precisa, justamente, que seus líderes sejam grandes. Do contrário, JHC continuará dizendo o que quer.

Portanto, senhoras e senhores políticos e eleitores, está mais que na hora de separarmos o joio do trigo. Ou ciscam pra dentro ou botemos pra fora. O errado que se quebre.

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Wadson Regis

Wadson Regis

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Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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