Parafraseando o saudoso Belchior, em Divina Comédia Humana, a relação das famílias Calheiros e Pereira é o case político (do momento). Claro, de comédia não tem nada. É política; é progresso; é trabalho.

“Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol

Quando você entrou em mim como um Sol no quintal

Aí um analista amigo meu disse que desse jeito

Não vou ser feliz direito”

- O trecho da bela letra cai bem para Joãozinho Pereira, prefeito de Teotonio Vilela, recém-filiado ao PMDB, ao se desculpar com as ofensas da campanha de 2014 contra o senador Renan Calheiros.

No interior de Alagoas duas famílias dominam “politicamente' dois pedaços de chão, que ficam bem próximos. Os Beltrão comandam a região Sul; os Pereira, a região Central.

Na eleição para eleger Hugo Wanderley presidente da AMA houve uma força tarefa para unir grupos. Beltrão e Pereira foram essenciais naquele momento. Mas a política é dinâmica e cruel.

“Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno

Viver a divina comédia humana onde nada é eterno

Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso

Eu vos direi no entanto:

Enquanto houver espaço, corpo e tempo e algum modo de dizer não

Eu canto”

Seria Marx Beltrão filosofando por dentro, no discurso para Pereira's, Calheiros e o mundo inteiro ouvir, durante a agenda do governador Renan Filho e do senador Renan, no Dia do Trabalho, em Teotonio Vilela.

“Deixando a profundidade de lado” (trecho da composição) está claro que há pouco espaço na primeira classe, para todos os passageiros.

Em meio às arrumações uma coisa é certa: o staff do governador Renan Filho está surpreso com a capacidade de organização e a metodologia política dos Pereira, principalmente no traquejo com as pessoas mais humildes.

Por enquanto o bonde do 15 segue nos trilhos, mas nunca se sabe o que acontecerá na próxima parada, porque ciúme de “marcho político” é pior que enfrentar ex-amigo. É uma espécie de crise de cálculo renal, que fica tirando o fôlego do paciente.

Em tempo: Só para deixar claro Marcho Político não é uma alusão ao comparativo de Marx com Joãozinho. No avião do 15 tem muito passageiro querendo ser copiloto. E, claro, o próprio copiloto sem querer sair do posto.