Wadson Regis

200 anos depois, encontramos o poço-fundo das Alagoas

O primeiro e segundo presidentes da República saíram de terras Caetés. O primeiro presidente pós-ditadura também partiu daqui. O homem mais bombardeado da história recente da política brasileira saiu de Murici. Eles não se parecem, em nada, com o mestre Graciliano Ramos, eleito prefeito de Palmeira dos Índios em outubro de 1927. Mestre Graça, que não participou da própria campanha, dizia que nem fazia questão de ganhar. Sua gestão ficou conhecida pelas realizações na pequena cidade do agreste alagoano e, principalmente, pelo zelo com o dinheiro público. 

Alagoas, não se espante, sempre produziu de tudo. Na celebração pelos 200 anos é preciso que também se conte a história de quem nos fez chegar até aqui, como Nise da Silveira e Arthur Ramos, na medicina. Poucos sabem, mas o pilarense, foi diretor-chefe do Departamento de Ciências Sociais da UNESCO. Morreu em 31 de Outubro de 1949, aos 46 Anos de Idade, ajudando a construir um Plano de Paz para o mundo. Sim, Alagoas também fez nascer alguém que já projetava um plano de paz para o mundo.

No time dos intelectuais, que tal falarmos de Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima e Pontes de Miranda. A música com Hermeto Pascoal e Djavan. O esporte com Dida, Marta e o velocista paraolimpíco Yohansson Nascimento.

Se tivéssemos cultivado o bem que a natureza plantou em Alagoas, Marcio Canuto teria muito mais o que dizer pelo Brasil a fora. E olhe que ele já nos faz um bem danado.

Tudo de bom que temos vira estado permanente de emergência quando o assunto entra na política. A Lava Jato é a nossa Taturana, que abalou a Assembleia Legislativa. A diferença é que, agora, quem bancou a zorra foi para cadeia e viu que a balança pesava mais para um lado. Foi por isso que as delações em massa, como a da Odebrecht, chegaram ao volumoso inquérito com mais de 300 nomes, envolvendo ex-presidentes, ministros, governadores, senadores, deputados federais, lobistas, até chegar nos laranjas, encarregados de movimentar a máquina da corrupção.

A riqueza de Alagoas, em seus 200 anos, é tamanha, que temos representantes em tudo. Cabe a nós separamos o joio do trigo e repensarmos o que queremos para os próximos anos, já a partir de 2018.

A Lava Jato não só mostrou o poço sujo que há no Brasil, com ligação clandestina e perigosa em Alagoas, mas dimensionou o quanto é fundo e sombrio.

Feliz Páscoa.  

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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