Wadson Regis

Também somos o que RE-produzimos – de ruim

A segunda-feira é, para muitos, um dia ingrato. Já ouvi muita gente dizer que deveria ser a extensão do domingo, ou seja: um “eterno” feriado prolongado.

Mas a segunda-feira é, na verdade, o espelho do que RE-produzimos no final de semana. Já a imprensa, que tem a informação como missão, fica com o dever de disseminar o que de pior aconteceu.

Segunda-feira é dia de balanço geral: Os números do HGE, quantas mortes, quantos presos, quantos acidentes etc e tal.

Esquecendo um pouco do que acontece na vida dos outros, assistimos sem dá a devida importância ao que de bom nos afeta.

Estamos num grande momento político, com alguns protagonistas em palanques opostos. Alagoas não para e é preciso que essa informação chegue à maioria das pessoas.

A saúde melhorou, a educação melhorou, a acessibilidade melhorou e até mobilidade urbana virou bandeira de luta para os políticos. É um ótimo sinal, ainda que a maioria não perceba.

O assunto do momento é a explosão do apresentador Sikera Júnior, que apareceu para o Brasil saindo de dentro de um caixão. O talento de Sikera é inquestionável, mas a 'importância' dada ao espetáculo midiático mostra os valores que “temos”.

O Brasil produz e exporta muita laranja, soja, açúcar, mas a produção de brasileiros alienados e políticos corruptos supera tudo.

Uma pesquisa recente, do Instituto Ibrape, realizada entre os dias 6 e 9 de março, na capital e 48 cidades, mostra o que fizeram com os alagoanos. Na minha opinião os números são claramente questionáveis, porque alguns protagonistas continuam com o velho modelo de fazer política. Os novos estão politicamente modificados.

Estamos tão acostumados com valores inversos, que aliados e a própria base festejaram a liderança de Renan Filho, como o político que mais trabalha por Alagoas. Só é verdadeiro se a pergunta se referir ao momento atual. Mas tudo tem um sentido.

O que mais importa neste curto texto é que precisamos mudar o conceito sobre o que pensam as pessoas, com base nos números apresentados pelo Ibrape, onde 63,8% dos alagoanos não reconhecem o trabalho de nenhum político. Ou seja: para a maioria continua tudo farinha do mesmo saco. É nisto que devemos nos apegar.

Alagoas deu passos significativos na economia, saúde, educação e nas políticas sociais. A questão da segurança é o reflexo dos 63,8%.

Enquanto Plantão Alagoas (TV Ponta Verde) e Fique Alerta (TV Pajuçara) liderarem os horários com folga e as pessoas não perceberem que algo mudou, continuaremos RE-produzindo o que de pior e mais cômico está acontecendo.

Quem semeia vento, colhe tempestade. Certamente plantaram muitos ventos ao longo dos 200 anos de Alagoas.


Em tempo: Quando citei que os números do Ibrape são questionáveis, quis dizer que os 2 mil entrevistados reproduziram aquilo que acham. Renan Filho vem com o pé topado no acelerador, mas em processo de construção para ser um dos protagonistas da nossa história.    

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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