Biu “maleta” de Lira deu um show no nascimento do seu filho mais problemático

O
senador Benedito de Lira roubou a cena, nesta segunda-feira, 19,
durante a assinatura da ordem de serviço para a construção do
Marco Referencial de Maceió, no antigo Alagoinhas, na bela praia de
Ponta Verde.
Bem humorado, livre, solto e sagaz, a raposa velha oscilava entre cordeiro e lobo. Na verdade planejou tudo e arrancou seguidas gargalhadas da seleta plateia, como olhares arregalados de alguns, como o secretário Mosar Amaral e o empreiteiro da obra. “Governador, dê um aperto no Mosart, para ele não fazer obra pela metade” - “...e você, (empreiteiro) se atrasar a obra eu denuncio você”.
Benedito, propositalmente, quebrou o protocolo e falou o quanto quis e precisava. O tom do deboche saiu logo na primeira fala, quando deu um “migué”, ao saudar o governador Renan Filho. “Gostaria de cumprimentar o governador Teotonio Vilela Filho (sic). Eita, peste, desculpe, é que faz tanto tempo que não venho aqui, no Palácio, que pensei que o governador ainda fosse o Téo Vilela”, disse Benedito, puxando as primeiras gargalhadas. Mas era veneno.
Benedito quis, claro, atingir o homem que o derrotou nas urnas. Havia muita expectativa pelo discurso do senador, que não gostou da mudança de local para a ordem de serviço e da mudança arquitetônica do projeto inicial. “Eu perdi a eleição para aquele jovem ali, mas isso faz parte do processo democrático. Eu queria que essa solenidade fosse lá, no local. E quero, Aparecida (Machado, secretária estadual de Infraestrutura), que refaçam o projeto inicial, porque se precisar de mais recurso eu arranjo”.
O senador aproveitou cada segundo, dos 50 minutos que falou, para lavar roupa suja, fazer cobranças, como reclamar da ausência do prefeito Rui Palmeira, num momento tão significante para o turismo alagoano. “O Rui não veio, mas deveria ter vindo”, emendou.
A obra do Marco Referencial de Maceió, orçada em cerca de R$ 10 milhões, tem previsão de 12 meses para ficar pronta. Os recursos são do Ministério da Integração Nacional, com contrapartida do Estado, que tocará os serviços.
“Esse é meu filho MAIS problemático. Nunca imaginei que demorasse 5 anos pra nascer”, disse Benedito, referindo-se ao projeto. Arthur Lira, seu primogênito, estava ao lado do pai e respirou – mais aliviado.
Por fim, Benedito de Lira demonstrou, nesta segunda-feira, o quanto ficou velho na política. Protagonizou um espetáculo da ignorância grotesca que o marca profundamente.