Wadson Regis

Nem dinheiro na conta faz barulho, em Alagoas; se faltar o mundo desaba

Hoje estão liberados R$ 270 milhões na conta do servidor público estadual. O comércio não só agradece, como festeja a estimativa de crescimento de APENAS 1% nas vendas de final de ano, na capital e interior de Alagoas.

Até o dia 30 deste mês, com a soma dos salários dos funcionários federais, estaduais e municipais, o montante aumenta para R$ 1 bilhão, injetados na economia alagoana. Aí o comércio vai ao delírio mas, ainda assim, o crescimento nas vendas ficará no mesmo pífio – MAS, IMPORTANTÍSSIMO – 1%, segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL).

E por que não há barulho com a antecipação do 13º salário para os servidores ativos e inativos do Estado? Porque eu já citei aqui, por mais de 10 vezes, que O BEM NÃO FAZ BARULHO. Na verdade a frase é de Confúcio, o maior pensador da história chinesa.

Pois é, o Governo de Alagoas fez o dever de casa e seguiu na contramão de estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, só para citar os mais ricos que estão em situação de emergência financeira e não anteciparão, nem pagarão o 13º na data prevista por lei. Pior: vão parcelar e correndo o risco de atrasar até o parcelamento.

O povo brasileiro – Alagoas faz parte da Federação – foi acostumado a falar dos outros; olhar apenas pro rabo dos outros. Falar, criticar, cobrar... é bom demais.

Tudo bem que o governador Renan Filho fez só um pouco mais que sua obrigação, ao antecipar por alguns dias o pagamento do 13º salário. Mas e se Alagoas, ainda lanterna em educação e saúde, por exemplo, estivesse no patamar dos 20 Estados que já atrasaram pagamentos de servidores desde 2015?

Os alagoanos talvez não tenham percebido, ainda, mas o Brasil enfrenta a pior recessão econômica de sua história e a maioria dos alagoanos apenas assiste, porque o problema não está aqui. Se o vizinho está mal, não incomoda, mas se o calo apertar por aqui, aí lá vem o mundo contra Renan, Renan Filho e Companhia LTDA.

Não é defesa aos dois, não sou pago para isso e não sou chapa-branca de seu ninguém. Por aqui há calamidade até em água. Para os que têm emprego saibam que há o perigo real, no futuro, talvez próximo, de atraso e demissões. Por enquanto não estamos surfando nem a marolinha do Lula. Olha o resultado do problema aí – para o PT.

Não há gestor de parabéns. Mas, por outro lado, devemos aplaudir, sim, porque Alagoas não aguentaria, neste momento de crise generalizada, sofrer com a falta de água, emprego e dinheiro para comprar e pagar contas.

Por enquanto somos exemplos de gestão. Faço, aqui, uma crítica ao governador por não alardear que também estamos em perigo, mas a política de controle está sendo capaz, por enquanto, de livrar o pobre Estado de Alagoas do colapso.

Tenho a opinião de que o governador, aproveitando o momento de cabeça fria do servidor e do comércio, deveria fazer um apelo à imprensa de Alagoas para que, num mesmo momento, transmitisse, de forma oficial, qual a situação do Estado, agora. Porque se, em algum momento, o barco seguir pelas ondas do Rio de Janeiro, depois não diga que o problema é nacional.

Por enquanto falta água em pelo menos 60 municípios. Se faltar dinheiro no bolso e no comércio, a lua-de-mel vira CASAL SEPERADO.

Aos policiais civis e aos servidores da Educação, os direitos são garantidos e a luta deve continuar sempre, mas paralisar serviços neste momento é da corda para o inimigo.

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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