Se havia um órgão público corrupto no Governo de Alagoas, não erre, era o Detran. O casarão à beira mar, no Pontal da Barra, que pertence a Marinha do Brasil, era a casa da Mãe Joana. Para tudo havia um jeito.

Os mais velhos sabem, porque todos sabiam à época, que a maior parte do dinheiro arrecadado abastecia as maletas de políticos. O Detran sempre fez o papel das construtoras que estão na Lava-Jato.

Que bom que os tempos verbais usados até aqui estão no passado. O Detran mudou, não só de local, passando para uma moderna sede própria. Mudou no mais importante para um órgão que serve ao cidadão; mudou o conceito. O Detran, pouca gente sabe – porque o bem não faz barulho, como diz Confúcio – é, sem dúvida, a melhor e mais importante referência no serviço público estadual.

O mais importante, saiba você, é que esta mudança não é mérito de um só governo. Tudo começou, me disse Sergio Ronaldo, um servidor exemplar, com 35 anos de casa, na gestão de Ronaldo Lessa, que fez concurso público. Foi no certame que a página começou a ser virada. O Detran, em si, no Governo Lessa ainda era venal, com desmandos e esquemas, mas o concurso foi um passo determinante para que a mudança começasse.

No governo de Teotonio Vilela Filho, especificamente com o desembargador aposentado Antonio Sapucaia no comando, o Detran ganhou cara, corpo e uma sede própria. Sapucaia foi gestor e enfrentou resistência de dentro do Palácio do Governo, políticos acostumados com a mamata e até, pasme, do sindicato dos servidores. Quebrar paradigmas não foi uma tarefa fácil, mas o combativo e honrado homem público deu sequência ao segundo passo.

Agora, com Renan Filho, a gestão do advogado Antonio Carlos Gouveia fecha um ciclo. O Detran Alagoas ganhou oxigenação e vitalidade, redefinindo o papel desse importante órgão da Administração estadual.

Mas sabe o porquê de uma mudança tão radical? Porque houve interesse justamente do servidor público que, em regra, é desmotivado. Se você não sabe cerca de 40% dos servidores aprovados em concursos têm nível superior e, muitos deles, pós-graduação. Também é importante destacar que fazem parte do corpo técnico dezenas de administradores de empresa e operadores do direito. Eles representam cerca de 70 dos concursados. A qualidade administrativa é tamanha, que em cada setor há, pelo menos, um administrador de empresa ou um graduado em direito.

Claro que as mudanças não teriam acontecido sem a participação dos servidores, que reivindicaram e foram contemplados com o Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), beneficiando novatos e remanescentes. Com a estabilidade funcional, garantida ainda na gestão de Ronaldo Lessa, a coisa tomou rumo.

Nos dias atuais os servidores do Detran participam de intercâmbios com órgãos congêneres de todo o país. Virou marca a participação em cursos, visitas e, principalmente, a busca da qualificação pessoal através da graduação.  

O Detran de Alagoas, que é do cidadão, de fato e de direito, tem seu quadro com mais de 70% de graduados e uma leva de pós-graduados. É uma referência, também em escolaridade.

Como me disse Sérgio Ronaldo, “há muito o que se fazer. O Detran, hoje, tem instalações modernas, serviços e servidores profissionais. Tem um sistema informatizado, que oferece serviços e consultas em casa, com boa qualidade. É bom que se diga, que muitos desses serviços tem a marca dos servidores, em parceria com o escritório de projetos do órgão”.

Se você não sabia, o Detran/AL saiu da contramão e ganhou excelência. É difícil de acreditar, mas os governantes e políticos colaboraram e hoje o estado contabiliza o avanço.

O Detran saiu das manchetes negativas e hoje disputa espaços de excelência no serviço público.

Sou uma testemunha do que escrevi. Se o Detran teve jeito, Alagoas tem jeito. Temos que fazer barulho com o bem.