Wadson Regis

O Plano Caldas

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Prego batido, ponta virada e com rosca sem fim. E foi assim que chegou ao final a quinta temporada da série “O Plano Caldas”. O roteiro desta intrigante metamorfose política é baseado na ascensão de JHC, após sua posse na Assembleia Legislativa, onde virou o carrasco da Casa, com propostas-chave sobre corrupção, ao expor seus colegas ao ridículo, abrindo caminhos para o descontentamento popular. O ceticismo de JHC atraiu a cobertura da imprensa. Resistir ao modelo tradicional criou sua narrativa de parlamentar independente.

Com JHC sendo um estranho no ninho da ALE, João Caldas (o mentor do plano) percebeu que tinha, em JHC, a possibilidade de reencontrar o caminho da vitória nas urnas. O ex-vereador, ex-prefeito de Ibateguara, ex-deputado estadual e federal havia perdido seguidas eleições. Estratégico e ambicioso, João Caldas aproveitou seu relacionamento com figuras emblemáticas da economia nacional e local, como o hoje senador Fernando Farias, aliado de primeira hora, mesmo com João Caldas sem mandato.

Ignorado e ridicularizado por muitos, em Alagoas, o mentor do plano decidiu que sua única chance de voltar à política seria com JHC protagonista. E a virada do jogo aconteceu com a eleição do filho à Câmara Federal. Com foco na capital, JHC ficou em Maceió, território onde os caciques não conseguem fincar bandeira. Disputar a eleição para prefeito na reeleição de Rui Palmeira, onde o ex-prefeito Cícero Almeida era o principal adversário, foi uma jogada de mestre. JHC ficou em terceiro, mas abriu novos caminhos para a reeleição de federal.

Com narrativa definida, o plano de JHC foi fisgar a juventude e a sociedade civil organizada. A efetividade dos discursos não acompanhava o desempenho através das emendas, mas, ainda assim, ele foi reeleito deputado federal com o status de “o mais votado do Brasil”.  

A virada 
Com o recall de “o deputado federal mais votado do país, nas urnas, a interatividade com a juventude e a narrativa de contra o sistema transformaram JHC no cara da vez. Ele enfrentou e venceu os dois candidatos (Alfredo Gaspar e Davi Davino Filho) apoiados pelos grupos dominantes, naquele momento. Com nova narrativa, 100% conectado através das redes sociais e com o apoio de um exército digital, João Caldas e JHC, agora juntos, tentaram recuperar a vaga de federal. O projeto inicial era que João (o mentor) fosse o nome, mas o plano desandou por uma série de atropelos (no próprio plano). Foi aí que o Plano B entrou em cena, com a candidatura de João Antônio de Holanda Caldas, numa chapa onde apenas ele teria capilaridade eleitoral. Mesmo sendo o 4º mais votado (entre 9 concorrentes) o caçula de João e Eudócia Caldas não conseguiu, por conta do coeficiente eleitoral. Mas João e JHC tinham uma carta na manga. Na eleição seguinte, JHC foi reeleito prefeito de Maceió, com o maior percentual da história na Capital, tendo como vice-prefeito o senador Rodrigo Cunha. Sua primeira-suplente era Eudócia Caldas, esposa de João e mãe de JHC. Ou seja: os Caldas não atingiram a meta da Câmara, mas conquistaram a vaga ao Senado. Como diz Sun Tzu, em A Arte da Guerra: "A melhor vitória é aquela que você não precisou lutar".

O Vitorioso
Neste roteiro de vitórias improváveis, nem tudo são flores nos caminhos dos vitoriosos. JHC, por exemplo, ao focar no exército digital, criou um atrito com a imprensa profissional. A nova ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi uma conquista única do mentor do Plano Caldas, João Caldas da Silva, oriundo do Distrito de Canastra, em Ibateguara. Dificilmente haverá trégua entre JHC e a imprensa local (porque não há diálogo, e sem diálogo não há harmonia). Esta vitória é sua, João (pai da vitória política de todos os Caldas juntos).

A imprensa e a verdade serão, anote, os novos desafios dos vitoriosos Caldas. Toda vitória tem seu custo, mas também revela aprendizado, novas alianças e quebra de ciclo, vulnerabilidades expostas e quem ficou ao lado de quem.

O desfecho desta temporada está nos resultados eleitorais de 2026.

Ah!!! Não citei a primeira-dama da Capital, Marina Candia, que está no ranking dos 100 políticos de maior influência no Instagram (onde também figura JHC), porque não sei do plano 2026 . Apenas isso.

PS.: Veja se descobre as temporadas.

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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