O Brasil é um país golpista e cadeia, na política, é um bom negócio

Para começar, na política, ser preso é um bom negócio. Ao longo dos anos, desde a redemocratização, centenas de políticos foram presos e, tempos depois, voltaram à vida pública. Lula é o caso nacional mais clássico, mas em todos os estados do castigado Brasil há casos de políticos presos sob acusação de corrupção.
Na verdade, o Brasil banca o golpe desde que o alagoano Marechal Deodoro abriu alas para ser o primeiro presidente do país.
O Brasil sempre foi castigado pela corrupção, ao ponto de sofrer a intervenção militar, que mudou a rotina da política nacional.
São décadas de esquemas, escândalos e mistérios, como a morte de Juscelino, o suicídio de Getúlio, a renúncia de Jânio Quadros, os tempos difíceis com João Goulart.
Um novo tempo se apresentou com as Diretas Já. Povo nas ruas pelo fim do regime militar, mobilização nacional com astros das telenovelas, da música e dos esportes, mas o movimento nacional falhou e Tancredo Neves, numa arrumação partidária, no Congresso Nacional, foi eleito presidente de forma indireta. O “bom mineiro” morreu antes de assumir e aí o Brasil conheceu uma águia chamada José Sarney, o vice-presidente eleito de forma indireta, antes mesmo da posse do escolhido pelo Congresso, com o aval do General Leônidas Pires Gonçalves, então Ministro do Exército - no último suspiro do militarismo.
Ulisses Guimarães, de saudosa memória, foi o líder que dedicou mais tempo para que o presidente seguinte fosse eleito pelo voto do povo. Deu tudo certo e Ulisses foi derrotado pelo nacionalmente desconhecido Fernando Collor, que promoveu uma série de transformações no Brasil, como a abertura do mercado internacional, mas Collor foi derrubado pelo sistema.
Itamar, vice de Collor, fez o dever de casa e ajudou a eleger seu ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FCH) que, conta a história, dificilmente seria reeleito senador por São Paulo. FHC cumpriu 8 anos como presidente, garantindo a estabilidade econômica do país, com a implantação do real como moeda e dando início ao Bolsa-Escola, o protótipo dos programas de distribuição de renda.
Lula, após três derrotas seguidas, finalmente assume o Brasil e provoca uma outra transformação. Focando nos mais humildes, apropriou-se dos programas de distribuição de renda criados por FHC e virou o líder dos pobres, que lhe garantiram a reeleição (dele) e reeleição de Dilma, mesmo com uma série de escândalos (escandalosos).
Entra em cena Michel Temer, exímio articulador em Brasília e respeitado pelo judiciário. Temer salvou o Brasil do colapso, mas isso nem esquerda nem direita têm a humildade política de defender.
Sem direção, o Brasil elege o cavaleiro solitário, inexpressivo em 27 anos como deputado federal e um real “porra louca”. Prevaleceu o limite do povo brasileiro: todos contra o PT. Bolsonaro, queiram ou não aceitar, manteve o rumo do país, avançou na área econômica, evitou o colapso nos municípios brasileiros e segurou a onda (economicamente falando) durante e após a pandemia do Corona vírus. Seu erro foi deixar o jogo ser jogado, imaginando que venceria Lula, recém-saído da prisão.
Os brasileiros do Nordeste, gratos ao líder das massas, somado a uma série de fatores, colocaram Lula no poder, novamente. Bolsonaro termina este ciclo condenado a 27 anos de prisão, pelo STF, por tentativa frustrada de golpe.
A moral desta história, mesmo escrita superficialmente, mostra que, desde a Proclamação da República, com Deodoro, um volume avassalador de escândalos e a prisão de três presidentes eleitos, um vice que assumiu e o impeachment de Dilma, confirmam que o Brasil é um país corrupto, porque a comercialização do voto e a conivência do judiciário (em rede nacional) garantem que o sistema trabalhe sem parar.
Em tempo:
O Brasil, desde a redemocratização, teve cinco presidentes eleitos pelo voto do povo, três foram presos e a única presidenta sofreu impeachment. O vice que assumiu, também foi preso pouco tempo depois de passar a faixa presidencial. Ou seja: dos 5 eleitos pelo povo, apenas FHC (que é ateu) não acabou preso.