Wadson Regis

Teorias Econômicas em Debate: Ortodoxa vs. Heterodoxa- economia para não-economistas

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Este artigo propõe uma reflexão sobre o papel das teorias econômicas ortodoxa e heterodoxa nas economias capitalistas modernas. 

Teoria econômica ortodoxa

Inicialmente, o primeiro termo era utilizado no contexto religioso para referir-se ao que estava alinhado com a doutrina oficial. É interessante notar que atualmente esse termo é mais frequentemente associado à economia do que à religião. As teorias ortodoxas tentam demonstrar que o bem-estar de uma sociedade pode ser alcançado por meio da aplicação de métodos científicos e do uso de modelos matemáticos e/ou estatísticos avançados, baseando-se nas regras do mercado, por exemplo.

Fundamentada nesse princípio, a teoria ortodoxa deu origem a duas correntes de pensamento econômico: a neoclássica e a keynesiana.

Teoria ortodoxa neoclássica

A teoria ortodoxa neoclássica apoia-se principalmente no Cálculo Infinitesimal desenvolvido por Isaac Newton e G. W. Leibniz, além da aplicação da Pesquisa Operacional proposta por P. Blackett e G. Dantzig. Esses conceitos servem para evidenciar a presença de leis científicas na economia que indicam que os "mercados" têm a capacidade de se autorregular, alcançando assim um equilíbrio econômico na ausência de intervenções externas. Portanto, a atuação do Estado no âmbito econômico é considerada bastante limitada para alcançar o "bem-estar social".

Teoria ortodoxa keynesiana

A escola keynesiana, criada pelo economista J. M. Keynes, faz uso principalmente de Modelos Matriciais e Técnicas Econométricas para demonstrar de forma científica que, diferentemente dos economistas neoclássicos, a intervenção estatal na economia impede a recessão e assegura a ocupação total.

É importante ressaltar que toda teoria econômica ortodoxa, seja ela neoclássica ou keynesiana, parte do pressuposto de que as questões econômicas são sempre abordadas de maneira científica. Economistas dessa vertente frequentemente se veem como engenheiros que aplicam conhecimentos científicos para desenvolver soluções que visam o bem-estar da sociedade. Sua abordagem, ao analisar a economia de um país, por exemplo, geralmente segue as diretrizes de boas práticas sugeridas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Sistema Financeiro Internacional (SFI), implementando políticas como a contenção de despesas públicas e a manutenção da estabilidade de preços por meio de manuseio da taxa de juros, entre outras. A atual política de metas da inflação brasileira, adotada pelo Banco Central, segue o receituário ortodoxo.

Teoria econômica heterodoxa

A heterodoxia econômica se desenvolve em meio à falta de um método científico. Ao invés de se concentrar em abordagens matemáticas quantitativas e na crença na maximização individual e no equilíbrio de mercado, economistas heterodoxos frequentemente levam em conta elementos como poder, antropologia, história, ecologia e relações sociais, além do avanço tecnológico, como formas de examinar os fenômenos econômicos. As estratégias de enfrentamento da inflação na década de 1980, como os planos Cruzado e Bresser, que implementaram o congelamento de preços por um período específico, apresentaram uma perspectiva heterodoxa.

O economista austríaco J. A. Schumpeter é reconhecido como o pioneiro dessa abordagem, enxergando a inovação como um elemento essencial para alcançar o bem-estar social.

Para J. A. Schumpeter, a inovação é vista como o motor essencial para a continuidade e o progresso do sistema capitalista. Reconhecido como o "príncipe da inovação", ele identificou pelo menos cinco categorias de inovações que são cruciais para o avanço econômico: mudanças nos produtos, inovações nos processos de produção, transformações nos mercados, novos insumos e evoluções nas estruturas produtivas. Schumpeter acreditava que a economia capitalista passa por um ciclo contínuo de inovação. A cada vez que ocorre uma "destruição criativa" de um elemento dentro desse ciclo, novas oportunidades produtivas surgem, assegurando a vitalidade do modo capitalista de operação.

Reflexão

teoria economia ortodoxa concentra-se na aplicação de modelos matemáticos, visando alcançar o equilíbrio econômico. Em contraste, a teoria economia heterodoxa preza pela sociologia, inovação, história ou outro instrumento exógeno a política econômica para ajustar a trajetória econômica capitalista e promover a justiça social. Considerando essas questões, qual dessas abordagens você escolheria para desenvolver um Plano Econômico de Longo Prazo para Alagoas?

 

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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