Wadson Regis

Uma Cidade & Dois Senhores

.

Politicamente falando, Alagoas é fora da curva e sobre esse prisma não é novidade. Por outro lado, fatos novos acontecem com frequência e tem sido com esse jeito mutante de juntar separados e separar os juntados, que coisas incríveis acontecem nos palanques, com o aval das urnas. Se Alagoas está diferente – para melhor - na Educação, Segurança, Saúde e nos programas sociais, permanece com o mesmo comportamento político. Talvez seja por conta desse modelo próprio, que vivemos (sem surpresas) num estado totalmente diferenciado no mapa político do Brasil.

Analise comigo: As urnas, em 2024 - faz apenas 1 ano e 1 semana -, trouxeram uma acachapante demonstração de que “governo é governo”, expressão imortalizada por Graciliano Ramos, outro alagoano, no livro Vidas Secas. Alagoas de secas e enchentes, escassez e abundância, tudo ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Na política daqui amador até vence, mas não se cria ou procria. Os exemplos da capitania hereditária estão para onde você apontar o nariz.

Voltando ao pleito de 2024, a oposição prosperou em apenas 4 municípios (Estrela de Alagoas, Maribondo, Joaquim Gomes e Quebrangulo), mas todos os prefeitos que foram candidatos à reeleição venceram. Houve lugares com até 100% dos votos e em mais de 20 localidades com margens acima dos 75%. Compreende o tamanho do processo?

A estratégia e o poder (de ser governo) fizeram toda a diferença até em município vizinho. O ciclo familiar foi confirmado com primo, tio e tias em Estrela de Alagoas e Cacimbinhas, Palmeira dos Índios e Pilar, reflexo do ótimo recall dos sobrinhos Hugo Wanderley, Julio Cézar e Renato Filho. Daí, houve até quem criasse o “sobrenome fake ou nome artístico”, como de Neto de Pino, em Campestre; Josélia Irmã de Zé Hermes, em Canapi, e Carlos Gonçalves, em Rio Largo.

Mas a fórmula de administrar a quatro mãos é arriscada. Em alguns casos vira cobra de duas cabeças. Se cada uma quiser andar para um lado, o corpo não sai do lugar. Uma mente precisa controlar a outra e caminhar num sentido único comum. É ainda onde amador e profissional não combinam e o cordão umbilical vai se fragmentando até romper, como exemplo maior em Rio Largo, com uma crise tamanho GG.

Mas, existe uma cidade, de tamanho Gigante, onde o segundo mandato, com vice novo, inaugurou uma nova forma de comunicar a sociedade. Para tudo, e para todos, a cidade passou a ter como orientação a menção ao vice-prefeito. Vereadores, secretários e até membros do baixo escalão já citam nas redes sociais, seja em discursos ou conversas internas, o “vice-prefeito como futuro chefe”.

Quem acertou o chute? Maceió… a capital de JHC e Rodrigo Cunha.

Aí a turma já mira o dia do fico, no futuro. Se JHC fica, tudo continua como está. Mas, se JHC não ficar na prefeitura... Os secretários e ademais querem fazer o seu próprio FICO. Daí, a novidade de mencionar o vice-prefeito tanto - ou até mais - quanto o nome do prefeito. Neste aspecto não abala, em nada, a relação e o ego do “já falante” JHC.

Sinais são sinais! “Né, Rodrigão?” (como se refere JHC ao vice).

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

Arquivos

Selecione o mês