Wadson Regis

A nuvem política, dois anos depois, colocou no mesmo barco JHC, Davi e Alfredo. Veja 12 imponderáveis deste momento

Na política há uma máxima sobre a nuvem. Acompanho os efeitos desse fenômeno eleitoral há mais de 20 anos. Em resumo, a nuvem quer dizer que os aliados de hoje não estarão, necessariamente, juntos no próximo desafio. 

Para este emblemático pleito, a nuvem política se movimentou demais e mudou o cenário.

- Aproximou os rivais da última eleição para prefeito de Maceió (JHC, Alfredo e Davi). Diga-se de passagem, um pleito de baixíssimo nível, com ataques pessoais vexaminosos.

- Também aproximou Arthur Lira de Rodrigo Cunha. Os dois haviam se bicado após Rodrigo dizer a Benedito de Lira que não se juntaria com a velha política. Rodrigo venceu e Biu perdeu. 

- Separou os Pereira do MDB. Jó era vice-presidente do MDB e Fernando Pereira secretário do Meio Ambiente, depois da Assistência Social. 

- Separou Alfredo Gaspar de Renan Filho, que lhe posicionou na Secretária de Segurança Pública, abrindo caminho para o seu desejo pessoal de migrar do Ministério Público para a política. 

- Separou Alfredo de Rui Palmeira, que abriu mão de uma oposição ferrenha com os Calheiros para fazê-lo prefeito da capital. 

- Separou Luciano Barbosa de Renan. A aliança de mais de 30 anos acabou porque Renan tentou evitar a candidatura de Luciano à Prefeitura de Arapiraca. 

- Separou Luciano de Renan Filho. Após duas vitórias nas urnas o então vice-governador colocou na conta de Renan Filho a prisão de sua filha e do genro, numa das operações da PF na Secretaria de Estado da Saúde, onde Luciano tinha espaços políticos. 

- Separou Ronaldo de JHC. Decisivo na eleição, o vice-prefeito da capital se diz insatisfeito com a parceria e reativou o convívio com Renan Filho, após uma separação conturbada com o ex-governador. 

- Separou Marcelo Victor de Arthur Lira. Os dois foram responsáveis diretos pela muito bem feita campanha do inexpressivo deputado Davi Filho. Se permanecessem juntos neste pleito o imponderável não estaria aprontando tanto.

- Separou JHC de Davi Maia. Amigos no campo pessoal, já não falam a mesma língua. 

- Dividiu a família Beltrão, que chega ao pleito com um pé na canoa de Arthur Lira e outro na dos Calheiros.

Há dois anos Collor era carta fora do baralho eleitoral. O bastidor aponta que ele tem vaga carimbada no segundo turno da eleição para o governo. A nuvem também juntou Collor a Bolsonaro.

Está claro que na política não há farinha do mesmo saco. Aqui são apenas alguns exemplos do poder de mudança da nuvem política. Há alguns meses eu disse que a eleição poderia ter JHC longe do palanque de Rodrigo e os Renan’s fora do palanque de Lula, no primeiro turno. Apanhei feito condenado. Aguardemos.

Estamos no inverno e os fortes ventos farão a nuvem política continuar alterando o cenário da guerra política. 

O que, quem, quando, onde, como e por quê.

... só o tempo dirá. Deixe a nuvem passar.

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

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