Wadson Regis

A estratégia de Marcelo Victor. O enigma do silêncio

Você sabia que o MDB chegaria às eleições de outubro sem governador e com apenas um deputado estadual? Pois é... só Galba Novaes. Cinco, inclusive Paulo Dantas, haviam dado a palavra de que marchariam para onde Marcelo Victor estivesse. 

Você sabia que Arthur Lira jogou todas as fichas para que Renan Filho não concluísse o mandato e ele (Arthur) virasse o principal avalista das eleições de outubro? Ele não acreditava na renúncia de Renan Filho e Marcelo Victor nunca duvidou e por isso posicionou Paulo Dantas como o nome escolhido pela Assembleia Legislativa.

Você sabia que Renan Filho só decidiu a candidatura ao Senado pela confiança na parceria política firmada com Marcelo Victor? Diferente do que muita gente pensa, Marcelo viabilizou Renan Filho eleitoralmente.

O Parlamento Estadual, liderado por Marcelo Victor, foi decisivo para que Renan Filho seja lembrado na história. Os Calheiristas (de carteirinha) são unânimes, há muito tempo, de que Marcelo Victor (como presidente do Parlamento) foi o melhor deputado para o Governo.

O que todos sabem é que havia uma rivalidade política entre Renan Filho e Marcelo Victor. Natural no processo democrático, mas Marcelo salvou os Calheiros. O que todos falavam (na boca miúda) era que Marcelo Victor e Arthur Lira dificilmente chegariam juntos nas convenções. Era claro, porque enquanto Marcelo trabalhava o firmamento de Paulo Dantas, Arthur não acreditava na vitória e buscava outro nome. Discussão natural, afinal nem tudo são flores num processo complexo como esse.

Uma das verdades é que Marcelo Victor, com o posicionamento de Paulo Dantas garantido para assumir o Governo de Alagoas, precisaria da aprovação de Renan Filho para fortalecer o projeto, mas Arthur Lira nunca escondeu que não estaria no mesmo palanque dos Renan’s. O entrave era a parceria política de Arthur com o presidente Bolsonaro.

O divórcio era evidente e a separação foi o elo que faltava para aproximar o grupo de Marcelo com os Calheiros. Ele garantiu que iria construir uma ampla frente política e aí está!

O primeiro turno desta história chega ao fim com Marcelo no MDB, preenchendo o bloco do partido com 14 deputados, mais outros que estarão no PT/PV/PCdoB, formando 16 deputados estaduais que buscarão a reeleição.

Paulo Dantas é o governador eleito pela Assembleia pelo protagonismo de Marcelo Victor e se conquistar a reeleição o governador terá seu carimbo. A partir daí é outra história.

O relato é uma defesa ao político que reposicionou a Assembleia Legislativa enquanto Poder representativo, que manteve unidade mesmo com as opiniões divergentes no parlamento e que, ao seu modo, após a inesperada perda do União Brasil, manteve a liderança, na aliança política com o MDB.

Para quem pensa que Marcelo se rendeu aos Calheiros eu pergunto:

1 – Com a reeleição dos deputados aliados de Marcelo Victor, quem comandará a próxima Mesa Diretora da ALE?

2 – Paulo Dantas, filiado desde sempre no MDB, chegará ao governo indicado por quem?

3 – Se Paulo Dantas vencer a eleição para o Governo, quem será lembrado como mentor da conquista?

Vencer é o lema de Marcelo. Observe por esse ângulo.

Disse o pensador: “Os maiores medem cuidadosamente as suas intervenções. Fazem dela uma arte”.

Wadson Regis

Wadson Regis

Sobre

Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.

Arquivos

Selecione o mês