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Em dez anos, número de homicídios em Alagoas avança 141,1%

Números fazem estado ter o maior índice de assassinatos por arma de fogo do País, segundo Mapa da Violência

Das 100 cidades mais violentas do País, 19 são de Alagoas

Carlos Nealdo

Levantamento do Mapa da Violência 2016 divulgado nesta quinta-feira, 25, revela que Alagoas tem o maior índice de assassinatos por arma de fogo do País, com 56,1 homicídios para cada 100 mil habitantes. 

O estudo, feito pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, revela ainda que em dez anos - entre 2004 e 2014 - o número de homicídios por arma de fogo em Alagoas cresceu 141,1%, saindo de 754 assassinatos em 20o4 para 1.818 em 2014. O índice considerado tolerável pela Orgnização das Nações Unidas (ONU) é de 10 homicídios por arma de fogo a cada 100 mil habitantes.

"A larga brecha existente entre Alagoas, com a maior taxa e, no outro extremo, Santa Catarina (com 7,5 homicídios por 100 mil habitantes), evidencia a grande heterogeneidade de situações nas unidades federativas", ressalta Julio Jacobo Waiselfisz, pesquisador  vinculado à Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), organismo internacional e intergovernamental autônomo, fundado em 1957 pelos estados latino-americanos, a partir de uma proposta da Unesco, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura.

O avanço no índice de assassinatos por arma de fogo em Alagoas puxou a alta de homicídios no Nordeste, região que lidera o ranking da violência no País, segundo o levantamento. Enquanto a taxa de homicídios por armas de fogo na região Sudeste caiu 41,4% entre 2004 e 2014, na região nordeste o índice dobrou. 

Conforme o estudo, a taxa média de homicídios por armas de fogo no Nordeste, em 2014 foi 32,8 por 100 mil habitantes, bem acima da taxa da região que vem imediatamente a seguir, Centro-Oeste, com 26 por 100 mil habitantes e um aumento de 39,5% entre 2004 e 2014.

"Se as taxas do Nordeste são violentamente puxadas para cima por Alagoas, e também pelo Ceará, Sergipe e Rio Grande do Norte, com taxas em torno de 40 homicídios por arma de fogo por 100 mil habitantes, na região Centro-Oeste destaca-se Goiás, cuja taxa excede os 30 homicídios por 100 mil habitantes", ressalta o estudo.

Os municípios de Mata de São João, na Bahia, e Murici e Satuba, ambos em Alagoas, com índices de 102, 100 e 95 homicídios por cem mil habitantes, respectivamente, têm os maiores índices de mortes por armas de fogo do país.

Capital

Em Maceió, segundo o Mapa da Violência, o número de homicídios por arma de fogo avançou  60,6% em dez anos, saindo de 442 assassinatos em 2004, para 710 em 2014. Apesar disso, a capital alagoana registrou retração de 12,5% no número de assassinatos na passagem de 2013 para 2014. Nessa baste de comparação, Alagoas recuou 2,9%. 

Segundo o Mapa da Violência, a taxa de homicídios por arma de fogo em Maceió é de 44,5 por 100 mil habitantes, fazendo a capital ocupar o segundo lugar do País em número de assassinatos, atrás apenas de Fortaleza (CE), cujo índice é de 81,5 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Na outra ponta, como a capital que registrou a menor taxa de assassinatos por arma de fogo está Boa Vista, com 9,1 homicídios para cada 100 mil habitantes - índice abaixo do considerado tolerável pela ONU.

Segundo o levantamento, dos cem municípios brasileiros com as maiores taxas de homicídios por arma de fogo do País, 19 são de alagoas. Veja a abaixo a relação deles, com a colocação nacional e o índice de homicídios para cada 100 mil habitantes:

Murici (2º do País), com 100,7 assassinatos por 100 mil habitantes

Satuba (3º), com 95,5 assassinatos

Pilar (6º), com 92,5 assassinatos

Marechal Deodoro (11º), com 85,2 assassinatos

Rio Largo (15º), com 80,5 assassinatos

Arapiraca (18º), com 79,7 assassinatos

Maceió (21º), com 77,2 assassinatos

Coruripe (31º), com 66,7 assassinatos

Santana do Ipanema (38º), com 64,1 assassinatos

Piaçabuçu (39º), com 63,9 assassinatos

São José da Laje (40º), com 63,6 assassinatos

São Miguel dos Campos (41º), com 63,3 assassinatos

Joaquim Gomes (45º), com 62,3 assassinatos

Viçosa (63º) com 56,5 assassinatos

Atalaia (72º), com 54,8 assassinatos

Maribondo (75º), com 53,8 assassinatos

Cajueiro (76º), com 53,7 assassinatos 

Palmeira dos Índios (81º), com 52,8 assassinatos

Teotônio Vilela (84º do País, com 52,6 assassinatos