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Com apelo à ação e foco na cooperação, Seminário Nacional pela Alfabetização encerra debates em Fortaleza

| Carol Dias

A capital cearense recebeu, nos dias 06 e 07 de agosto, o Seminário Nacional pela Alfabetização, que reuniu autoridades nacionais, gestores e especialistas da área para debater os rumos da alfabetização no Brasil. O evento, que contou com cerca de 500 participantes presenciais e aproximadamente 20 mil inscritos online, teve sua abertura marcada por falas que reforçaram o compromisso coletivo com a alfabetização das crianças brasileiras na idade certa.

O ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu o regime de colaboração entre União, estados e municípios como pilar essencial para o sucesso do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA). “Não aceitaremos retrocessos quando o assunto é alfabetizar nossas crianças”, afirmou. Ele também comemorou a criação da Política Nacional Integrada da Primeira Infância, destacando o papel do MEC na coordenação dessa nova frente.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, compartilhou a trajetória de melhoria nos índices de alfabetização do seu estado. “Saímos de 92% de crianças que não sabiam ler, escrever e interpretar, muitas delas só se alfabetizavam no 4º ou 5º ano. Isso criava um sentimento de exclusão. Com muito trabalho e apoio aos municípios, avançamos. Hoje, Goiás alcançou 72,7% de crianças alfabetizadas na idade certa. Ainda estamos atrás do Ceará, com seus mais de 85%, mas vamos continuar avançando com seriedade e dedicação”, destacou Caiado.

Já no segundo dia de evento, as discussões foram voltadas à equidade, mobilização social e avaliações. Participação importante no encontro, Márcio Pochmann, presidente do IBGE, destacou o papel das políticas públicas eficazes: “Estamos vivendo uma época permeada de mudanças e isso nos leva a refletir sobre a alfabetização. Um país que se coloca cada vez mais no centro do mundo, com as suas dificuldades, evidentemente, mas também com uma imensa oportunidade, tem um desafio muito grande que é construir políticas de natureza preditiva, de enfrentamento das desigualdades regionais, esse é nosso grande desafio”.

O Senador da República e Presidente da Subcomissão Permanente da Alfabetização na Idade Certa, Cid Gomes, defendeu a alfabetização como prioridade nacional e destacou a educação como vetor de transformação social. “Estou na vida pública porque acredito que todas as pessoas devem ter a chance de realizar seus sonhos, e isso só é possível por meio da educação. Nosso maior desafio é garantir uma escola pública de qualidade para todos os brasileiros”, lembra.

Já o presidente do INEP, Manuel Palacios, enfatizou os processos de avaliação: “A avaliação feita pelos sistemas estaduais serve como uma ferramenta de apoio à gestão de uma maneira muito mais significativa do que uma avaliação nacional sem o ponto de vista das iniciativas estaduais. No rastro dessa iniciativa, sistemas de incentivo estaduais ao progresso da educação brasileira foram criados em quase todas as unidades da federação. Precisa-se criar um ambiente de incentivo continuado, que seja vinculado entre a União e o Estado. Nós precisamos ter avaliações convergentes e estamos empenhados em tornar nossas avaliações mais sensíveis às realidades das redes e mais úteis para o planejamento educacional”, reforçou.

Em sua fala final do evento, Veveu Arruda, diretor-presidente da Associação Bem-Comum reforçou a relevância do encontro: “Nós reunimos 500 pessoas no auditório, representando todos os estados brasileiros e o Distrito Federal. E tivemos uma participação expressiva, com quase 20 mil pessoas do Brasil e de outros países. É assim que a gente consegue reverberar a agenda da alfabetização na idade certa, que, apesar dos esforços importantes feitos nos últimos anos, ainda precisa ser uma prioridade na nação brasileira. Mesmo o Brasil sendo o único país do sul global que tem um programa nacional para a superação do analfabetismo, que é o Compromisso Nacional da Criança alfabetizada (CNCA), por meio do regime de colaboração da União com estados e municípios, nós ainda precisamos, juntos, enfrentar esse problema do analfabetismo. A troca de experiência que tivemos nesses dois dias foi tão rica que saímos com uma animação no coração e na cabeça de que seremos, sim, capazes de alcançar a meta que o próprio governo federal estabeleceu, de alfabetizar, até 2030, 80% das crianças”.

O Seminário Nacional pela Alfabetização foi promovido pela Aliança pela Alfabetização (Associação Bem Comum, Fundação Lemann e Instituto Natura), e Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd), em parceria com o B3 Social e Fundação Vale.

Fonte: Assessoria