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Terrorismo alimentar: especialistas destacam impactos e formas de prevenção

Informações alarmistas em torno de certos alimentos aumentam a insegurança e podem levar a transtornos

O terrorismo alimentar afeta diretamente a forma como as pessoas se relacionam com a comida no dia a dia, criando uma atmosfera de medo e insegurança em torno da alimentação. Esse fenômeno, cada vez mais presente nas redes sociais e em conteúdos sem embasamento científico, pode gerar culpa, ansiedade e desenvolvimento de transtornos, como a compulsão. Promessas de resultados rápidos, dietas da moda e a demonização de determinados itens confundem o público, o afastando de hábitos realmente saudáveis e sustentáveis.

De acordo com Cristianni Gusmão, nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição da UNINASSAU Maceió, o primeiro sinal de alerta para distinguir conteúdos confiáveis de boatos é quando surgem promessas de resultados rápidos. “Geralmente, é um chá emagrecedor ou uma comida que traz mudanças radicais no corpo. Nenhum alimento isolado tem a capacidade de transformar a saúde de uma pessoa, pois o mais importante é o padrão alimentar como um todo. Da mesma forma, suplementos não fazem milagres”.

Polêmicas em torno de itens como ovo, leite e café mostram como a desinformação pode ganhar força mesmo sem embasamento científico. Muitos aproveitam para criar narrativas generalistas. “Pessoas com intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite ou do trigo precisam de restrições, já que a ingestão provoca inflamação e sintomas desconfortáveis. No entanto, trata-se de um público restrito e a generalização indevida acaba espalhando medo e confusão”, destaca a nutricionista.

Cristianni Gusmão enfatiza os riscos ao eliminar um item do cardápio sem acompanhamento profissional, como o aumento da vontade de consumi-lo posteriormente, estimulando compulsão, carência de nutrientes essenciais e até desnutrição. “A divulgação responsável de informações sobre nutrição torna-se essencial. Combater diariamente os mitos e as falsas promessas ajuda a proteger a sociedade dos danos causados pelo terrorismo alimentar. Além de desmentir boatos, essa luta contribui para promover saúde, bem-estar e uma relação mais equilibrada e tranquila com a comida”.

Para Regina Souza, professora do curso de Psicologia da UNINASSAU Maceió, mensagens alarmistas sobre determinadas comidas reforçam pensamentos dicotômicos, como tudo ou nada. “Esse cenário estimula esquemas de perfeccionismo e autocobrança, levando a pessoa a se sentir saudável apenas ao restringir alguns itens. O resultado é ansiedade, medo de engordar e surgimento de comportamentos de evitação ou compulsão após períodos de restrição. Assim, o terrorismo alimentar funciona como gatilho externo para a consolidação de crenças desadaptativas presentes nos transtornos”.

A docente destacou os apoios psicológico e nutricional como fundamentais nesses casos, ressaltando a importância de observar o momento de vida e identificar possíveis desfuncionalidades, evitando o risco de autodiagnósticos sem confirmação. “Dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a recuperação para quem desenvolve algum transtorno alimentar envolve reestruturação cognitiva e exposição comportamental gradativa. Entre os fundamentos estão a psicoeducação, a desconstrução da ideia de comidas boas e ruins, a introdução da flexibilidade cognitiva, o equilíbrio e a revisão de pensamentos”, finaliza.


Ascom Uninassau Maceió