Paguei todas as dívidas, mas ainda não consegui crédito. Por que isso acontece?

Você quitou a última parcela da dívida, respirou aliviado e achou que o caminho para realizar sonhos, como comprar um carro, financiar um imóvel ou contratar um cartão de crédito, estava novamente aberto. Mas, ao tentar um novo crédito, veio a frustração: recusa após recusa. Por que, mesmo com as dívidas pagas, os bancos continuam dizendo “não”?
Essa situação, embora frustrante, é mais comum do que parece. O pagamento das dívidas é uma conquista importante, mas não significa que o mercado financeiro irá reabrir imediatamente as portas do crédito. Isso acontece porque o sistema financeiro considera outros fatores além da quitação.
“A percepção de risco que o mercado tem sobre um consumidor leva em consideração se ele possui algum histórico de inadimplência, mesmo após a quitação das dívidas”, afirma Patricia Bertolin Abrahao, gerente jurídico contencioso e de atendimento ao cliente da Recovery. “O pagamento, por si só, não apaga o passado financeiro. As instituições consideram o tempo de inadimplência, o perfil de pagamento ao longo dos meses e a consistência na retomada das finanças. Por isso, é muito importante manter as contas em dia, demonstrar disciplina e regularidade para retomar o crédito.”
O que pode impedir o acesso ao crédito
1.Histórico recente de inadimplência
Após quitar a dívida, os birôs de crédito (como Serasa, Boa Vista e SPC) dão baixo no registro de atrasos e inadimplência. Porém, é importante saber que alguns birôs podem disponibilizar um extrato ou histórico das negativações que já deram baixa. Esses dados são considerados pelos bancos na hora da análise, e podem indicar um risco elevado no momento da concessão de crédito.
2.Score de crédito ainda baixo
O score de crédito, que varia de 0 a 1000, reflete seu comportamento financeiro. Um score entre 0 e 300 pontos indica uma chance muito baixa de obter crédito, entre 301 e 500 reflete uma chance baixa de conseguir crédito, entre 501 e 700 pontos aponta uma boa possibilidade de obter crédito e entre 701 e 1000 pontos aponta uma boa oportunidade de conseguir crédito.
Após um período com pontuação nas faixas de risco e com as dívidas quitadas, o score pode melhorar com o tempo, mas não sobe imediatamente. Para ter um score favorável ao crédito, é importante ter um histórico de pontualidade nos pagamentos, manter seu CPF sempre ativo e movimentado, ter uma boa relação com empresas de crédito, ter consultas recentes ao CPF.
3.Pouca movimentação no CPF
Se você não tem contas no seu nome ou um cartão de crédito ativo, não há dados suficientes para o mercado avaliar seu perfil e saber se você se tornou um bom pagador.
Renegociação ainda em aberto
Negociar uma dívida não é o mesmo que quitá-la. Se o acordo ainda está sendo pago, seu nome pode continuar com restrições até obter a quitação completa.
Dados desatualizados
Pode ser que os birôs de crédito ainda não tenham registrado a quitação da dívida. Por isso, é importante verificar se o nome já foi retirado das listas de negativados — o prazo para isso é de até cinco dias úteis após o pagamento.
6.Renda incompatível com o crédito solicitado
Mesmo sem dívidas, sua renda precisa ser compatível com o valor solicitado. Se o banco considera que você não conseguirá pagar o valor de volta, ele pode negar o crédito.
7.Excesso de pedidos recentes
Solicitar crédito várias vezes em pouco tempo pode soar como desespero para os sistemas de avaliação de risco. Isso diminui suas chances de aprovação.
Ficou muito tempo com o “nome sujo”
O tempo em que o nome ficou negativado influencia bastante. Um longo período com dívidas não pagas reforça a imagem de alto risco, impacta negativamente o score e dificulta a recuperação da confiança por parte do mercado.
Como voltar a ter acesso ao crédito
A boa notícia é que dá para reconstruir seu perfil financeiro com disciplina e estratégia. Confira abaixo algumas iniciativas que podem ajudar.
Atualizar os dados nos birôs de crédito: CPF, renda e endereço atualizados facilitam a análise de crédito.
Usar crédito com controle: O cartão consignado, concedido apenas para aposentados, pensionistas e servidores públicos, mesmo que disponibilizado com um limite reduzido, pode ser útil para mostrar responsabilidade.
Pagar contas no seu nome em dia: Luz, água, internet — tudo conta para construir uma boa reputação.
Evitar pedir crédito muitas vezes em sequência: Aguarde um tempo entre os pedidos para não prejudicar sua imagem.
Aumentar a renda comprovada: Formalize atividades extras ou busque ocupações com carteira assinada.
Negociar com o banco: Converse com seu gerente e apresente sua situação. Cartões com garantia e limites controlados podem ser boas alternativas.
Monitorar o score: Acompanhe a evolução do seu perfil em plataformas como Serasa ou Boa Vista.
Quanto tempo leva para voltar a ter crédito?
O nome deve sair da lista de inadimplentes até 5 dias úteis após o pagamento da dívida. O score, por sua vez, pode começar a melhorar entre 30 e 90 dias, dependendo do comportamento financeiro. Se o nome ficou sujo por muito tempo, esse período pode ser maior, mas o importante é manter uma trajetória consistente. A reconquista do crédito pede paciência. Costuma exigir tempo, organização e um histórico financeiro consistente para que o mercado volte a considerar o consumidor como confiável.
Sobre a Recovery
A Recovery é uma empresa do Grupo Itaú e plataforma especialista em recuperação de crédito no Brasil. Líder de mercado, a companhia possui sob sua gestão mais de R$ 144 bilhões de créditos inadimplidos e, atualmente, mais de 33 milhões de clientes com dívidas ativas em sua base. Mais informações em https://www.gruporecovery.com.
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