Ensino superior no Brasil: dificuldades e oportunidades nas redes pública e privada

O ensino superior é uma etapa fundamental para formação pessoal e profissional. Hoje o Brasil conta com cerca de 10 milhões de pessoas inscritas em faculdades e universidades, segundo dados do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior, o Semesp. Desse total, quase 80% são alunos da rede privada.
EaD domina as vagas de ensino superior
A maior oferta de cursos EaD é um dos motivos para tamanha diferença, mas certamente não é o único, muito embora quase 80% das vagas para a modalidade sejam ofertadas pela rede privada. A licenciatura, por exemplo, é um dos carros-chefe da rede privada, com 95% das matrículas na modalidade EaD e o restante presencial.
A discrepância entre os números reflete um pouco a incapacidade da rede pública de absorver mais alunos. Em 10 anos, o crescimento no número de vagas foi de cerca de 7%, enquanto, no mesmo período, a rede privada obteve um crescimento de 50%. A alta demanda por vagas na última década chamou a atenção de grandes grupos investidores.
Decreto presidencial tenta melhorar cenário com novas exigências
Recentemente, o Governo Federal sancionou uma lei que altera o modo como o ensino a distância funciona. O Decreto nº 12.456, de 2025, regulamenta que todos os cursos devem ter uma carga de, no mínimo, 20% de aulas síncronas, isto é, ao vivo e presenciais. A ideia é levar ainda mais qualidade para o ensino superior, uma vez que o EaD virou o foco nas formações.
Licenciaturas e áreas que exigem muita atividade prática, caso da faculdade de educação física, por exemplo, também entrarão no rol de cursos que passarão a vigorar a partir de agora neste novo formato. Contudo, farão parte do chamado semipresencial, criado pelo MEC, por meio de portaria.
Entenda o novo modelo
Neste formato, as aulas serão compostas por carga horária de 30% de atividades presenciais e, no mínimo, 20% em atividades síncronas mediadas, ou seja, ao vivo. Engenharias, medicina, medicina veterinária, biomedicina, fonoaudiologia e nutrição são alguns dos cursos que também funcionarão no formato semipresencial.
As faculdades terão dois anos para se adequar à nova regra, a partir da data do decreto. Hoje, metade dos alunos matriculados no Brasil, o que representa algo em torno de 5 milhões de estudantes, está matriculada no EaD. Apesar do número alto, a modalidade sofre com a evasão.
A dificuldade em pagar as mensalidades é um dos motivos, pois a maioria dos estudantes são de uma faixa salarial de até 1,5 salário mínimo. Ainda assim, o ensino privado é aquele capaz de absorver a demanda pelo ensino superior, uma vez que essa é uma das vias para a ascensão econômica.
Aliado à flexibilidade de horários e meios de ingresso menos concorridos, a faculdade privada é um facilitador para o acesso de boa parte da população ao ensino superior. De acordo com o ultimo censo, de 2022, em 20 anos, o número de pessoas formadas no Brasil triplicou, muito devido à oferta de vagas particulares.
Fonte: Assessoria