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Maceió/Al, 19 de maio de 2024

Colunistas

Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
22/02/2024 às 17:17

Debate sobre as teorias de desenvolvimento econômico: em que estágio nos encontramos?

O desenvolvimento é um fenômeno de longo prazo, que pode ser definido como um conjunto de mudanças estruturais de natureza econômica, social e cultural ocorrida num País, ou mesmo numa região, sempre acompanhado de um processo de crescimento econômico.

As teorias do desenvolvimento ganharam grande importância política e social no pós-Segunda Guerra Mundial, quando surgiu um novo reordenamento do sistema financeiro internacional. Uma série de acordos políticos e econômicos foram firmados entre as nações a fim de reerguer o “mercado” mundial, culminando, assim. com a criação novos organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial do Comércio (OMC), do Fundo Monetário Internacional e a fundação do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros.

A economia do desenvolvimento é, de fato, o ramo da economia que tem por objetivo propor mecanismos para que um País (ou a região), que esteja num estágio econômico atrasado, venha atingir um processo de desenvolvimento sustentável.

Nos anos 1960, a ONU se referia uma região afetada por baixo estágio de desenvolvimento como país (região) “subdesenvolvida”. A partir dos anos 1970 passou a utilizar o termo país “em via de desenvolvimento”; desde os anos 1990 vem utilizando a expressão “país em desenvolvimento (PVD)”.

Abaixo apresentamos as diferentes explicações e as diferentes análise econômicas sobre o desenvolvimento.

AS DIVERSAS EXPLICAÇÕES TEÓRICAS

Teoria dos "Climas" e das "Raças"

Alguns com certa visão racista, não hesitam em afirmar que a população residente nos trópicos são "raças preguiçosas", cuja origem é primitiva das florestas e dos desertos. Ainda, costumam afirmar que a população da Europa e da América do Norte são dotados de predisposição ao progresso técnico.

Trata-se de uma afirmativa sem fundamento e totalmente preconceituosa. Esses discursos aparecem, sistematicamente, em época de crise e polarização, como estamos vivendo hoje.

Teoria Neomalthusiana

Em sua origem, essa teoria analisa a evolução divergente entre a produção e a população: a produção de alimentos cresce em proporção aritmética, enquanto que, a população cresce em nível geométrico.

Para os seguidores dessa teoria, o crescimento desenfreado da população dos PVD é a origem do seu subdesenvolvimento.

AS ANÁLISES NEOCLÁSSICAS

Como toda análise de inspiração neoclássica, os teóricos dessa escola postulam que qualquer mecanismo de regulação da economia passa pelo "mercado".

Assim, ao aplicar esses fundamentos aos PVD, os autores dessa corrente costumam afirmar que as distorções existentes nesses mercados emergentes constituem obstáculos ao desenvolvimento.

W. Rostow, através de sua teoria de desenvolvimento, mostra que os Países Periféricos (pobres) estão, de fato, em atraso em relação aos Países Centrais (ricos). Afirma, ainda, que o caminho para um país (região) chegar ao desenvolvimento constitui um processo evolutivo e natural.


AS ANÁLISES KEYNESIANAS

Segundo os economistas keynesianos, o subdesenvolvimento é caracterizado por 3 elementos:

  - insuficiência da demanda efetiva;

  - forte preferência pela liquidez;

  - baixa eficiência marginal do capital e do multiplicador.

Para eles, a economia dos países subdesenvolvidos apresenta equilíbrio apenas na condição de subemprego, gerando importantes níveis de desemprego. A poupança nacional não é suficiente para garantir os investimentos necessários. Tem que se ter a presença do Estado.

Foi baseado nessa tese que, nos anos 1950, Celso Furtado propôs a criação da SUDENE para alavancar a poupança do Nordeste e garantir o sonho da superação do subdesenvolvimento da região através de uma política. Alagoas, nesse caso, moderniza seu parque sucroalcooleiro, introduzindo as destilarias anexas e isoladas e implanta o setor químico-plástico.

AS ANÁLISES MARXISTAS

Através do esquema do modo de produção capitalista (MPC), Marx mostra que o capitalismo só pode se perpetuar, parasitando num ambiente periférico não capitalista.

Baseada nessa tese, R. Luxemburg, por exemplo, retoma o conceito do MPC de Marx para explicar que o capitalismo tem uma necessidade vital de encontrar novos mercados externos: países dependentes, colônias, etc. Perpetuando, assim, o imperialismo.



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