Há 500 anos, cinco famílias dominam a política alagoana
Desde que a Coroa Portuguesa estabeleceu as Capitanias Hereditárias para a colonização do Brasil — lá pelos idos de 1500 e alguma coisa —, Alagoas se impregnou de tal forma com o sistema que decidiu não sair dele até hoje, passados mais de cinco séculos. E nem precisa pensar muito para se concluir isso.
Atualmente, cinco famílias dominam politicamente o Estado: os Renan, Vilela, Beltrão, Palmeira e os Silva. Esta última não sabe, mas é maioria no Estado. Não tem poder econômico, não bota filho nem neto nas prefeituras como os outros, não faz governador de estado e nem presidente do Senado Federal.
E não faz por que não quer. Aliás, porque se contenta com pouco. Se contenta por exatos R$ 50 para votar em quem lhe determinam — geralmente um dos membros dos outros quatro clãs citados acima.
Enquanto for assim, Alagoas continuará à mercê de ingerências políticas, de feudos que passarão o poder de pai para filhos — e agora netos, porque a hereditariedade política dos sabidos é determinada pela submissão dos tontos. Prova disso é que existe até município com nome de uma dessas famílias. Basta olhar no mapa. Senador Rui Palmeira e Teotonio Vilela são exemplos fáceis.
Em outubro, porém, os Silva poderiam dar um passo grande para mudar essa realidade, mas enquanto o Estado detiver o título de um dos mais pobres do País, com o maior índice de violência entre as unidades da Federação e um dos mais analfabetizados da Nação, muito pouco será feito.
Vamos continuar assistindo aos clãs hereditários dominando o cenário político local, enquanto os coitados dos Silva vão preferir empunhar um pau de bandeira de algum partido, em troca de R$ 50 ordinários.
Em síntese: haverá sempre casas grandes a dominar as senzalas do analfabetismo eleitoral por estas bandas.