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Saúde: IA acelera testes e aproxima pesquisa da prática clínica

Fábio Tiepolo, fundador da StaryaAI

A busca por novos medicamentos é longa, cara e repleta de riscos. Em média, um fármaco leva até 12 anos para chegar ao mercado e custa mais de 2 bilhões de dólares, segundo a consultoria Deloitte. No Brasil, o processo pode ser ainda mais desafiador diante das burocracias regulatórias. Neste cenário, a inteligência artificial generativa surge como aliada para encurtar caminhos e reduzir custos.

Instituições de referência já começaram a adotar a tecnologia. A Fiocruz lançou recentemente a Rebec@, a primeira IA generativa do mundo dedicada ao registro de pesquisas clínicas. A ferramenta funciona 24 horas por dia, com base em normas da Organização Mundial da Saúde, e tem como missão agilizar a análise de projetos e ampliar a transparência na ciência. O Instituto Butantan, por sua vez, estuda aplicações para otimizar protocolos de testes e gestão de processos internos relacionados à pesquisa e desenvolvimento.

Para Fábio Tiepolo, fundador da StaryaAI, referência na criação de agentes de inteligência artificial generativa aplicada, a grande promessa está em transformar dados hoje dispersos em insights estratégicos. “Cerca de 80% das informações clínicas e operacionais estão em textos e relatórios não estruturados. A IA consegue interpretar esses dados em segundos, permitindo identificar padrões, reduzir erros e acelerar desde a triagem de voluntários até o monitoramento pós-lançamento de medicamentos”, afirma.

Segundo ele, os agentes inteligentes já ajudam a reduzir taxas de desistência em testes clínicos, engajando pacientes por canais digitais, e têm papel crescente na farmacovigilância ativa, registrando efeitos adversos em tempo real. “Se no passado a indústria dependia de processos manuais e lentos, hoje conseguimos acompanhar milhares de interações de forma contínua. Isso aumenta a segurança e a eficácia dos tratamentos”, explica.

O impacto pode ser significativo. Relatório da consultoria McKinsey estima que o uso da IA generativa na saúde pode gerar ganhos de até 150 bilhões de dólares por ano em eficiência no setor global. No Brasil, os primeiros projetos sinalizam uma mudança estrutural: de uma indústria guiada por etapas rígidas para um modelo mais ágil e dinâmico, em que a tecnologia atua como catalisadora da inovação.

Apesar do otimismo, especialistas destacam que a aplicação exige cuidado, principalmente devido a questões regulatórias. Mas, se bem conduzida, a IA generativa pode representar um divisor de águas. “Estamos diante de uma oportunidade única: acelerar a descoberta e o monitoramento de medicamentos sem abrir mão da segurança. A tecnologia não substitui o cientista ou o médico, mas amplia radicalmente sua capacidade de atuar”, complementa Fabio Tiepolo.

Fonte: Assessoria