Bem-estar não é luxo, é uma das maiores forças econômicas do planeta
Por Vivian Muniz (*)
Por muito tempo, o setor de bem-estar foi tratado como um acessório da economia, algo periférico, associado ao autocuidado eventual. Esse paradigma ficou para trás. Os dados mais recentes mostram que estamos diante de uma das transformações econômicas mais significativas da próxima década, comparável ao que aconteceu com a indústria fitness nos anos 1990 e com tecnologia de informação nos anos 2000.
Segundo o Global Wellness Economy Monitor 2025, do Global Wellness Institute, o mercado já alcançou US$ 6,8 trilhões em 2024, mais do que o dobro do tamanho observado em 2013. E não se trata de um nicho: é um setor que cresce consistentemente acima do PIB global, impulsionado por mudanças estruturais do comportamento humano e corporativo.
Os sinais são claros. Desde 2020, o bem-estar não apenas expandiu em escala, mas ganhou profundidade econômica. Em 2024, ultrapassou a marca de US$ 7 trilhões, com seus principais segmentos, atividade física (US$ 1,5 tri), nutrição (US$ 1,7 tri), turismo de bem-estar (US$ 500 bi) e saúde preventiva corporativa, gerando uma cadeia de valor que integra saúde, consumo, tecnologia e infraestrutura.
Enquanto o PIB global cresceu em média 3,2% nos últimos 10 anos, a economia do bem-estar cresceu 6% a 6,5% ao ano, praticamente o dobro. Esse diferencial estrutural revela um setor menos sensível a ciclos econômicos e mais alinhado a megatendências de longo prazo: envelhecimento populacional, aumento das doenças crônicas, reorganização do modelo de trabalho, aceleração tecnológica, urbanização e mudanças de estilo de vida.
Não é por acaso que o gasto per capita global em bem-estar cresceu 4,5% ao ano, mesmo em contextos de desaceleração. O bem-estar passou a ser visto como investimento, não apenas em saúde, mas em produtividade, longevidade e participação econômica. Nos EUA, o setor já representa 11 anos de crescimento consecutivo, com projeção de ultrapassar US$ 3,4 trilhões em 2025 apenas em consumo individual.
Mas o movimento mais relevante não está nos números, e sim no seu significado econômico. Empresas que investem em bem-estar reduzem custos de saúde, ampliam engajamento, melhoram clima, retêm talentos e ganham eficiência operacional. Isso torna o setor um dos novos motores da economia da produtividade. A transição de “custo de benefício” para “infraestrutura estratégica” já está em andamento, especialmente em mercados maduros.
E isso ocorre por um motivo simples: o setor é trilionário e continuará crescendo de forma acelerada, não por modismo, mas porque responde a uma reestruturação estrutural do comportamento humano e corporativo. O bem-estar se tornou um código econômico de longo prazo — sustentado por ciência, tecnologia, política pública, novos padrões de consumo e uma força geracional inédita.
A próxima década já começou. Vivemos a ascensão de uma economia onde prevenção, longevidade, saúde mental, produtividade e saúde financeira ganham centralidade. E, à medida que esses elementos se consolidam, o bem-estar deixa de ser apenas um setor e se torna uma infraestrutura econômica transversal que impacta trabalho, vida, cidades, tecnologia e inovação.
É exatamente por isso que escolhemos estar aqui: no centro da megatendência que moldará o futuro da economia, do trabalho e da vida.
(*) É Vice-Presidente de Produto, Marketing e Customer Service na Fully Ecosystem, plataforma de bem-estar que oferece soluções integradas de saúde física, mental e financeira, e acredita que o bem-estar é um direito, não um privilégio.