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24/03/2020 às 10:13

Eu, cavaleiro neomedievo, contra o coronavírus: bom senso, protegei-nos!

Sandro Melros - advogado, escritor e professor

O amanhecer não tem o mesmo tom, desde que fomos admoestados – pelo bom senso, principalmente – a não sairmos de nossas casas. O ‘inimigo invisível’, ao menos a olho nu, tem devastado pessoas, mudado culturas e costumes de populações e atemorizado o mundo inteiro. Neste espaço, há aqueles que duvidam e atribuem tão somente a forças divinas a proteção contra os males à saúde.

Divide-se nossas vidas em antes e depois da pandemia do coronavírus, assim determinada pela OMS, em 11 de março de 2020. Em uma fala apocalíptica, o diretor-geral da agência mundial de saúde, Tedros Ghebreyesus alertou o planeta quando anunciou passar de mais de 4.000 mortes no mundo vítimas do coronavírus. Ghebreyesus disse que “nos próximos dias e semanas, espera-se que o número de casos, de mortes e de países afetados suba ainda mais.” Ou seja, qualquer um de nós pode ser vitimado por este ‘mal do século’. A pergunta que fica é aprenderemos, finalmente, com essa reincidência de doenças mortais que afetam milhões de vidas em pouquíssimo tempo? A resposta se perderá no tempo e, a depender, também do espaço em que circulará.

Hoje me senti como um cavaleiro sem armaduras da Idade Média quando minha filha pequena pediu algo que só encontraria num lugar específico. Claro que a convenci de que irei assim que puder, mas fiquei refletindo em razão de não poder realizar uma atividade de natureza simples  em benefício de pessoas que amo. Todos estão assim: limitados. Alguns – em razão de suas atividades: profissionais da saúde, da segurança, de farmácia e de gêneros alimentícios – estão à frente da batalha. Porém, mesmo eles se sentem exaustos por não terem recursos necessários ao enfrentamento. Para isso ocorrer, fazem-se necessários sacrifícios de todos, afinal é uma guerra coletiva, em que há baixas entre ricos e pobres, indistintamente. Na cota do Estado e daqueles que acumulam dinheiro, as suas generosas contribuições farão a diferença neste momento.

Ahh, o capital – o velho e necessário dinheiro - aonde te escondes? Nos cofres dos bancos públicos e particulares, nas ações das bolsas de valores, nos estoques de ouro e equivalentes. Para que servirão estas riquezas se a humanidade for seriamente atingida? Que qualidade terá o dinheiro resultado de ausência de investimentos em vidas? Não há como responder facilmente a isso? Ora, as respostas estão presas às perguntas. Todos sabem, mas muitos não querem responder, pois o que mais importa são suas riquezas acumuladas. USURA – mãe de todas as misérias sociais – será você nosso inimigo visível e perturbador. Nossa ‘cavalaria’ precisa se apressar e impor medidas legais e céleres no sentido de realizar investimentos sanitários importantes e, claro, permanentes. Estar à frente de pesquisas para os males que ainda estão prestes a acontecer, investir em saúde pública (esta última tem sido exaltada em todos os cantos do mundo, inclusive, países governados por políticos conservadores) são medidas preventivas que se mostram eficazes quando um estado de hecatombe na saúde ocorre de modo tão rápido, como nos dias atuais.

Não há como esperar: milhares de pessoas estão sendo contaminadas em segundos. Claro que as medidas não são apenas de natureza governamental. O Estado não se realiza sozinho, é imprescindível que todos consigam colaborar. O problema é que – agora – os males sociais irão aflorar àqueles que torcem o rosto para os milhares de mendigos e desassistidos que perambulam nas ruas de todo o país – e do mundo. Enxergar-se-ão as impiedades às quais são impostas populações ao longo dos séculos? Ou apenas se acomodarão às medidas do esconde que ninguém vê? A Idade Média, senhoras e senhores, é aqui. Ela perdura em todos nós, sejamos vítimas ou algozes; ou mesmo uma malfadada mistura das duas coisas.

A sociedade está doente. Não apenas do temível e terrível coronavírus. Está doente de “passividade” quando o outro é aquele que está sofrendo, quando o outro é o que fora afetado. Se a dor não me é sentida, ela pode ser – por mim - escondida, muitos pensam. Falta abnegação, inclusive, àqueles que se autodeterminam filhos de Deus. O próprio sinônimo de Deus revela filantropia, benevolência, altruísmo. Caso contrário, são filhos da HIPOCRISIA.

A “pilantropia” também é um mal que atravessa milênios e está junto aos incautos colecionadores de “FAKE NEWS”. Fiquemos atentos, pois! Denunciemos às autoridades qualquer tentativa de burlar a lei, a fim do ganho descabido e dos altares não ungidos. Eu, cavaleiro da Idade Média, estou indo ao sacrifício. Estou no mundo e para o mundo me ofereço com a vontade e a luta incansável de ver diminuir as mazelas sociais. Primeiro – resguardando-me com minha família em casa – e, na mesma medida, resguardando outras pessoas de contaminação, caso seja eu o agente transmissor. No caso em tela, vê-se que as batalhas estão sendo vencidas, atentando-se aos especialistas e autoridades no assunto, através de mídias confiáveis. São eles, os cientistas, que salvarão a humanidade. Deixemnos trabalhar. Armem-se de BOM SENSO!

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