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Maceió/Al, 19 de maio de 2024

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03/10/2022 às 13:32

Crônica: A culpa é do licor de jabuticaba

Por Rodrigo Alves de Carvalho (*)

Quando o Norberto conheceu a Edneia, todo mundo falava que não ia dar certo. 

O Norberto era chegado numa cervejinha, gostava das festinhas animadas na casa dos amigos, e às vezes, passava da conta e dava um vexaminho aqui e outro ali, quando misturava cerveja com destilado. 

Já a Edneia, não bebia e não dava vexame, sequer dançava axé e pagode com as amigas e com o Norberto, que não perdia tempo nas coreografias do “Andou na prancha, cuidado tubarão vai te pegar”. 

Por sorte, a Edneia tirou carteira de motorista naquele mesmo ano que se conheceram (o Norberto até sabia dirigir, mas reprovou quatro vezes nas provas teóricas, e acabou desistindo da carteira). 

E dessa forma, com o Norberto bebendo e dando vexame, e com a Edneia de cara fechada, levando o namorado embora para casa, os dois continuaram se amando. 

Todo mundo achava que depois de casados, o Norberto iria maneirar, afinal, o chefe da casa teria que ser um cara responsável... 

Que nada! 

Norberto continuou na sua pegada de bebedor de cerveja e dançador de pagode. 

Tiveram um filho, e o Norberto parece que deu uma segurada. Continuou a beber nas festinhas e encontros com os amigos, mas os vexames foram diminuindo. Em algumas ocasiões, apenas cantorias altas horas da madrugada, com vizinhos chamando a polícia, de saco cheio de tanto ouvirem “Boate Azul”. 

E foi justamente no aniversário de 18 anos de seu filho, que a Edneia inventou de experimentar o licor de jabuticaba. Sua vida nunca foi a mesma.

O licor de jabuticaba foi a porta de entrada para outras bebidas que ela decidiu tomar, só para saber que gosto tinha, entretanto, quando experimentou a cerveja, que seu marido tanto gostava, também se apaixonou. 

Por algum período de tempo, Norberto e Edneia bebiam juntos, se divertiam juntos, se embriagavam juntos e iam embora para casa de carona com amigos.

Mas, a Edneia começou a despirocar quando bebia. Dançava em cima da mesa, perdia o sapato, caia no chão. 

Norberto, no começo dava risada, mas depois não achava mais graça. Onde já se viu uma senhora respeitável dar tanto vexame? 

Os amigos adoravam a Edneia, afinal de contas, ela passou a alegrar o ambiente nas festinhas e encontros com os amigos.

Esses dias atrás, o Norberto voltou a tentar tirar sua carteira de motorista, e finalmente, ele conseguiu. 

E é dessa forma, com a Edneia bebendo e dando vexame, e com o Norberto de cara fechada, levando a esposa embora para casa, que os dois continuam se amando. 


(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.



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