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Maceió/Al, 19 de maio de 2024

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12/12/2022 às 13:16

Crônica: Os dispensados na Copa do Mundo

Por Rodrigo Alves de Carvalho (*)

“Futebol é a paixão nacional!” 

“Futebol é o ópio do povo!” 

“Na Copa do Mundo, o brasileiro veste a camisa e torce para a seleção Canarinho!” 

Ouvimos essas frases proferidas em vários meios de comunicação, principalmente, em época de Copa, quando uma onda patriótica futebolística momentânea toma conta dos brasileiros, mesmo aqueles que nunca se interessaram por futebol, e pior, mesmo por aqueles que detestam futebol. 

Na época de Copa, estão todos lá, com camisas da seleção, bandeiras, cornetas e cervejas nas mãos, assistindo aos jogos com os amigos, nos bares, nas casas ou em qualquer lugar onde exista uma televisão e o Galvão Bueno berrando: “Haja Coração!”. 

Porém, a grande verdade nessa paixão quatrienal que toma conta dos torcedores mais improváveis, na verdade, não tem nada a ver com futebol, e sim, com a possiblidade de serem dispensados do trabalho. 

Tradicionalmente, nos jogos da Copa do Mundo, acontece a única oportunidade, excluindo é claro, algum tipo de emergência de saúde ou familiar, que o trabalhador tem para ser dispensado de seu trabalho, sem a cara feia do chefe. 

Pode até ser uma dispensa pelo resto do dia, ou apenas, no horário do jogo, o que importa é ser dispensado para assistir à partida, mesmo que a pessoa não saiba sequer o nome do treinador da seleção e o nome de mais de um ou dois jogadores. 

Essa experiência de sair mais cedo do trabalho, sem pressão e sem o sentimento de culpa é o que faz da Copa uma experiência única, ao proporcionar essa euforia pela chegada do dia do jogo, das horas se aproximando, até o momento de deixarmos nossos afazeres, de uma hora para outra, e saímos do trabalho ao encontro dos amigos, para bebericarmos cerveja e torcer por algum jogo que, para muitos, passa a ser imperceptível, no meio da algazarra que se torna as comemorações ou xingamentos de decepção. 

Porém, mesmo para aqueles que não entendem nada e até para aqueles que detestam futebol, existe sim, a torcida pela vitória do Brasil. Afinal de contas, a cada vitória, ganha-se mais um dia para sair mais cedo do trabalho. 

Infelizmente, a nossa oportunidade de “matarmos” o trabalho para assistirmos aos jogos do Brasil acabou mais cedo, com a eliminação da seleção nas quartas de final. 

Agora, a próxima oportunidade de deixarmos o trabalho sem sermos acusados por abandono de emprego, vai acontecer novamente, somente daqui quatro anos. 

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino. 

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