Samu realiza curso de Suporte Básico de Vida para atendimento de vítimas de afogamento

Arnaldo Santtos
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) realizou nesta quinta-feira (21), mais uma edição do “Curso de Suporte Básico de Vida: Atendimento Pré-Hospitalar no Atendimento de Vítimas de Afogamento”, destinado aos técnicos de enfermagem e condutores socorristas que atuam em diversas Bases Descentralizadas do Estado.
A capacitação ocorreu no auditório do Núcleo de Educação Permanente (Nep) da Central do Samu Maceió e teve aulas teóricas e práticas, com instrução do médico socorrista Jack Emerson Barros Viana e com apoio do Corpo de Bombeiros nas atividades práticas, realizadas na Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (ADEFAL), no bairro do Farol, em Maceió.

O curso abordou conceitos fundamentais para o atendimento às vítimas de afogamento, incluindo fisiologia, epidemiologia, fatores de risco, traumatismo raquimedular, oxigenoterapia e classificação dos tipos de afogamento conforme a gravidade. Os participantes tiveram a oportunidade de aprender e praticar técnicas de salvamento aquático, além do manejo adequado para vítimas em parada cardiorrespiratória.

De acordo com o médico Jack Emerson, muitas pessoas confundem o conceito de afogamento. “É quando ocorre a aspiração de líquido causada por submersão ou imersão. O termo aspiração se refere à entrada de líquido nas vias aéreas, como traquéia, brônquios e pulmões, e não deve ser confundido com ‘engolir água’, que vai para o esôfago e estômago”, explica ele.
Para a coordenadora geral do Samu Maceió, enfermeira Beatriz Santana, o curso é essencial para a rotina dos socorristas. “Vivemos em um estado com extenso litoral e recebemos diariamente chamados de ocorrências de afogamento. Essa capacitação garante que nossos profissionais estejam preparados para oferecer um atendimento rápido e eficiente”, destacou.
O coordenador do Núcleo de Educação Permanente (Nep) da Central do Samu Maceió, médico Luiz Antonio Mansur Branco, ressaltou que o conteúdo do curso segue as diretrizes mais recentes do Suporte Básico de Vida (SBV). “O curso assegura que os socorristas tenham conhecimentos fundamentais para aplicar em um atendimento real, de forma adequada e eficaz”, afirmou.
Participante do curso, a técnica de enfermagem Letícia Maria da Silva, que atua na Base Descentralizada do município de Atalaia, avaliou positivamente a experiência. “Os conhecimentos adquiridos vão fazer toda diferença no atendimento à população. Aprendi sobre os diferentes níveis de afogamento, ressuscitação cardiorrespiratória e técnicas de salvamento aquático. Um profissional capacitado oferece um serviço diferenciado e de excelência”, destacou.
Fatores de risco
Além do aperfeiçoamento técnico, o curso também reforçou a importância da prevenção. Entre os principais comportamentos de risco estão o consumo de bebidas alcoólicas em praias, rios e piscinas; a falta de supervisão dos pais em relação às crianças em áreas de banho; o desrespeito à sinalização de perigo em locais de lazer; e o descuido com a profundidade das piscinas em relação à altura das crianças.

De acordo com dados de saúde pública, seis homens a cada mulher morrem afogados; 76% dos óbitos ocorrem em rios, lagoas e represas; que dois adolescentes morrem diariamente de afogamento; quatro crianças morrem diariamente, e 42% das mortes ocorrem em jovens de até 29 anos, o que reforça a necessidade de conscientização para redução dos índices de mortalidade. Mostram também que diariamente uma criança morre afogada dentro de casa, e que 54% das mortes até 9 anos de idade ocorrem em residências.
Participaram do curso profissionais que atuam nas Bases Descentralizadas (BD) dos municípios de: Maceió, Colônia Leolpodina, São Miguel dos Campos, Marechal Deodoro, Atalaia e Rio Largo.
Prevenção do afogamento
As orientações são claras: manter atenção constante às crianças, respeitar os limites de cada local de banho, evitar brincadeiras perigosas em rios, lagos e piscinas. Para adultos, a principal orientação é nunca entrar em rios, lagos, mar ou piscinas após ter ingerido bebidas alcoólicas, pois o reflexo e o equilíbrio ficam comprometidos.

Crianças devem estar sempre sob supervisão de um adulto responsável, mesmo em locais rasos, já que pequenos segundos de distração podem ser fatais. Além disso, é fundamental respeitar placas e orientações de salva-vidas em praias e balneários, evitando áreas sinalizadas como perigosas.
Outro cuidado importante é conhecer a profundidade antes de mergulhar, pois saltos em locais rasos podem causar graves lesões na coluna. Em piscinas, o ideal é instalar cercas de proteção e manter boias ou coletes adequados ao alcance das crianças.
O uso de equipamentos de segurança, como colete salva-vidas, é indispensável em passeios de barco ou esportes aquáticos. Também é recomendável evitar brincadeiras perigosas, como segurar a respiração embaixo d’água, que podem levar à perda de consciência.

Pessoas que não sabem nadar devem permanecer em áreas rasas e próximas à margem. Em caso de cansaço ou câimbras, o recomendado é flutuar de costas e pedir ajuda.
Em situações de urgência ou emergência ligue imediatamente para o Samu - 192, ou para o Corpo de Bombeiro - 193.