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02/02/2019 às 14:31

Escritor alagoano tem conto publicado em revista inglesa

“A Ceia”, de Nilton Resende, é o conto que abre o livro 'Diabolô' e também já foi traduzido para o espanhol e para o francês. (fotos: Josué Seixas) “A Ceia”, de Nilton Resende, é o conto que abre o livro 'Diabolô' e também já foi traduzido para o espanhol e para o francês. (fotos: Josué Seixas)

Josué Seixas

Um biscoito, violência sutil e o sussurro do final. É esse o resumo do conto “A Ceia”, do autor alagoano Nilton Resende, que foi publicado pela revista Bookanista, da Inglaterra, na última quarta-feira, 30. A história abre o livro Diabolô (Edufal/2011). 

O conto é narrado em primeira pessoa por um homem que se lembra de cenas de quando era garoto. Segundo Nilton, a ideia foi falar de “afirmação através da negação”.

“Pensei na ideia da procura pelo espaço, por se afirmar. O pai do menino nega o próprio pai para dar espaço ao próprio filho, como se fosse uma questão de física: algo tem que ir embora para que outra coisa possa ficar em seu lugar”, explica. 

Para escrever, tudo surgiu de um dia normal. Nilton estava comendo um biscoito e lembrou de uma brincadeira que tinha com o próprio avô. Daí, foi só começar a escrever. Reescrever. Repensar. “Esse é o conto que abre o Diabolô, inclusive, porque eu queria pegar o leitor e fazê-lo ao menos terminar de ler a primeira história.”

Escrever literatura com tanta precisão, entretanto, custou muito tempo: Nilton já escreveu outros dois livros: O Orvalho e os dias (1998/Editora Cone sul e 2006/Edufal. A sair em 2019 pela Imprensa Imprensa Oficial Graciliano Ramos) e Ouriço (inédito). Um possível nome para explicar a técnica literária? Lygia Fagundes Telles. 

“Os personagens dela me ensinaram muito sobre eu mesmo e sobre os seres humanos. Ela é mestra na arte da narração. Tem enorme cuidado em como a história é contada. Eu leio o conto 'Venha ver o pôr do sol’, da Lygia, no primeiro dia de aula para os meus alunos há vinte anos”. 

Foi ela quem inspirou, também, a tese de doutorado de Nilton, no livro “A Construção de Lygia Fagundes Telles: edição crítica de Antes do Baile Verde". 

Leia o começo do conto, em português:

“Mordo o biscoito que levei vagaroso à boca, e ele quebrando-se é como ossos que se esmagam. Trituro-o e imagino desfazer-se a rede desenhada em sua superfície, lembrando-me o jogo que meu avô me ensinou e para o qual me convidou em tantas tardes. Biscoito, rede, ossos triturados. Mordo e sinto mastigar o velho, as migalhas saindo pelos cantos como se uns dedos tentassem escapar.

Eu em cima da mesa me masturbava em frente à pintura da cigana. Ela, deitada num divã, tinha uma das mãos acariciando o bico de um dos seios, enquanto a outra se enfurnava sob o pano púrpura, eu imaginando-a mexendo nos pelos até se umedecer. Eu me extasiava. Gemia, quando ele chegou à sala e gritou comigo, mandando-me descer.”

Para ler a versão publicada na revista Bookanista, clique aqui: http://bookanista.com/supper/

A versão em português: https://trajeslunares.com/prosa-2/diabolo-contos/.

Quem é Nilton Resende? 

Nilton é Professor Adjunto de Literatura na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e já publicou O orvalho e os dias (poemas) e Diabolô (contos). Tem um livro inédito de poemas (Ouriço). Publicou também uma edição crítica do livro de contos Antes do Baile Verde, chamada A construção de Lygia Fagundes Telles. É, também, professor do Laboratório de Criação e Expressão Literária do Sesc/AL, além de ator e diretor/roteirista de cinema e teatro.

OBRAS TRADUZIDAS:

CONTOS:

"A fresta", traduzido para o inglês ("The crack) pela Alison Entrekin; publicado em 2012 na revista londrina Litro Magazine.

"A ceia", traduzido para o espanhol ("La cena") pelo Pablo Cardellino Soto; publicado em 2012, na Machado de Assis Magazine, revista da Biblioteca Nacional, lançada na Feira de Frankfurt. Traduzido para o francês ("Le repas") pelo Stéphane Chao; publicado em 2018, na revista francesa D-Fiction. Traduzido para o inglês pela Kim Hastings ("The supper"); publicado na revista inglesa Bookanista.

POEMA:

"As aves", traduzido para o francês ("Les oiseaux") pelo Stéphane Chao; publicado na revista impressa francesa Nouveaux Delits.


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