Estudo revela que 90% dos jovens de 18 a 25 anos apresentam sinais de olho seco

Se você tem entre 18 e 25 anos, passa horas em frente ao celular ou computador, sente os olhos coçarem, arderem ou ficarem vermelhos no fim do dia, atenção: esses são sinais clássicos da síndrome do olho seco – e você não está sozinho. Um novo estudo realizado por pesquisadores da Aston University, no Reino Unido, revelou que 90% dos jovens avaliados apresentavam ao menos um sinal clínico da doença. O dado, publicado na revista científica The Ocular Surface, acende um alerta global sobre como o uso excessivo de telas está afetando a saúde ocular da população mais jovem.
De acordo com a oftalmologista Camila Moraes, do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, a síndrome do olho seco é uma condição multifatorial. “Ela é caracterizada por falhas na produção ou na qualidade da lágrima, levando à inflamação e ao dano na superfície ocular. Os sintomas variam de ardência, queimação, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento paradoxal, fotofobia, até visão embaçada que melhora ao piscar”, explica a médica do HOPE.
O estudo britânico não surpreendeu a especialista. “Temos visto um verdadeiro boom de pacientes jovens com olho seco desde a pandemia, principalmente por causa do uso excessivo de telas. Cada vez mais cedo, as pessoas passam horas em frente ao celular, computador ou tablet, muitas vezes em ambientes com ar-condicionado e pouca umidade, o que agrava ainda mais o quadro”, afirma a Dra. Camila.
Segundo a oftalmologista, o impacto do uso contínuo de telas está diretamente relacionado ao modo como piscamos. “Quando estamos concentrados em uma tela, piscamos com menor frequência e, muitas vezes, de forma incompleta. Isso impede que a lágrima se espalhe corretamente sobre o olho, levando à sua evaporação e comprometendo a lubrificação ocular”, detalha a especialista do HOPE.
Mas afinal, quanto tempo de tela já representa um risco? “Não existe um número fixo, pois cada pessoa reage de forma diferente. Alguns estudos apontam risco a partir de duas horas ininterruptas, mas tudo depende de fatores associados, como exposição ao vento, ar seco, doenças autoimunes, uso de lentes de contato, entre outros. Por isso, o ideal é manter o uso consciente das telas e buscar ajuda ao menor sinal de desconforto”, alerta a médica.
Ignorar o problema pode trazer consequências sérias. “O olho seco pode se tornar crônico. A evaporação constante da lágrima gera inflamação, o que pode levar a lesões na córnea e redução da qualidade visual. Isso impacta diretamente o bem-estar e a qualidade de vida do paciente”, enfatiza a Dra. Camila.
Apesar disso, é possível prevenir e até reverter os sintomas em muitos casos, especialmente se diagnosticado precocemente. “Algumas mudanças simples já ajudam muito: lembrar de piscar de forma consciente, fazer pausas a cada 20 minutos de tela, evitar ambientes secos, não direcionar ventiladores ou ar-condicionado para o rosto e manter boa higiene palpebral. E claro, procurar um oftalmologista ao menor sinal de incômodo ocular”, orienta a médica do HOPE.
O tratamento varia conforme a gravidade. “Nos casos mais leves, apenas mudanças de hábito podem resolver. Mas há situações em que são necessários colírios lubrificantes, higiene com produtos específicos, suplementação de ômega-3, uso de anti-inflamatórios, terapias como luz pulsada e, em casos graves, oclusão do ponto lacrimal ou lentes especiais”, explica a oftalmologista.
A reversão completa do quadro depende do diagnóstico precoce. “Tudo vai depender da causa e do tempo de evolução. Quanto mais cedo o paciente buscar um oftalmologista especializado em superfície ocular, maiores as chances de interromper o ciclo inflamatório e recuperar a saúde dos olhos”, finaliza a Dra. Camila Moraes, oftalmologista do HOPE.
Fonte: Assessoria