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Mais que descanso: sono de qualidade protege contra doenças e ajuda na recuperação

Higiene do sono é fundamental para garantir noites realmente reparadoras

Durante o sono, o corpo realiza um trabalho intenso para reequilibrar todos os seus sistemas, incluindo o imunológico. A médica do sono da Unimed Maceió, Amanda Lira, explica que esse é um processo ativo e altamente complexo, fundamental para a manutenção da saúde física e mental.

“O sono é uma necessidade fisiológica. Enquanto dormimos, nossa imunidade inata e adaptativa é especialmente fortalecida, pois o organismo regula e ativa células de defesa, otimiza e regula a resposta inflamatória e consolida a memória imunológica, para combater agentes infecciosos num contato posterior”, destaca.

Isso significa que, se durante o dia a pessoa entrou em contato com um vírus ou bactéria, à noite o sistema imunológico trabalha para reconhecer aquele agente invasor e “memorizar” sua estrutura. Assim, na próxima vez que ocorrer o contato, o corpo já terá anticorpos prontos para agir mais rapidamente e com mais eficiência. Além disso, o sono adequado contribui para a produção equilibrada de proteínas que regulam a resposta imune e para a multiplicação de células de defesa, tornando o organismo mais preparado para enfrentar infecções, reduzir inflamações e combater células tumorais.

Ou seja, dormir mal aumenta a probabilidade de adoecer, tanto por quadros virais, bacterianos e fúngicos, como gripes, pneumonias e candidíase, quanto por condições mentais, que podem ser desencadeadas ou agravadas, especialmente quando há predisposição genética, como por exemplo ansiedade, depressão e transtorno bipolar. “Quando o sono não é reparador, todo o equilíbrio do organismo é afetado, deixando a pessoa mais vulnerável para enfrentar os desafios do dia seguinte”, reforça a médica do sono.

Mesmo que os músculos estejam em repouso, o cérebro mantém alta atividade durante a fase REM (Movimento Rápido dos Olhos) — período de sono profundo associado à atonia muscular —, literalmente preparando o corpo para o dia seguinte. É nesse momento que ocorre a regulação celular, a recuperação de doenças e a consolidação do aprendizado. Segundo a especialista, para que isso aconteça, é preciso ter quantidade e qualidade de sono.

Dra. Amanda Lira esclarece que, de forma geral, os adultos devem dormir entre sete horas e meia e nove horas por noite. Ter um sono de qualidade significa passar, de maneira equilibrada, por todas as suas fases — não-REM (N1, N2 e N3) e REM —, que se alternam como uma “valsa” ao longo da noite. Ela explicou ainda que dormir muitas horas não significa necessariamente dormir bem: problemas como a apneia do sono ou hábitos inadequados de higiene do sono podem impedir a sustentação adequada da fase REM, prejudicando todo o processo de reparação orgânica.

Apesar dessa recomendação, a realidade brasileira está longe da ideal. Pesquisa publicada em 2022 na revista Sleep Epidemiology revelou que 65% dos brasileiros não têm noites de sono reparadoras. Além disso, dados da Associação Brasileira do Sono (ABS) mostram que a população do país dorme, em média, apenas 6 horas por noite.

“Dormir demais também não é saudável”, afirma. O ideal é que o sono ocupe cerca de um terço do dia da pessoa. Ultrapassar muito esse tempo pode estar relacionado a distúrbios como depressão, doenças cardíacas ou outras condições médicas, além de prejudicar o ritmo circadiano — ciclo natural de 24 horas que regula o sono e a vigília. Esse ciclo é influenciado pela luz solar, que ajuda o corpo a manter o padrão ideal: estar acordado durante o dia e dormir à noite.


Médica do sono da Unimed Maceió, Amanda Lira

RECOMENDAÇÕES

Amanda Lira destaca que a higiene do sono é fundamental para garantir noites realmente reparadoras — e o principal fator é controlar a exposição à luz, especialmente a das telas. A luz azul emitida por celulares, computadores e televisores à noite pode atrasar a liberação de melatonina, o hormônio que induz ao sono. Já a exposição à luz natural, especialmente pela manhã, ajuda a regular o ciclo circadiano e a manter o padrão de estar acordado durante o dia e dormir à noite.

Outras medidas também contribuem para a qualidade do sono, como praticar atividade física regularmente, preferencialmente durante o dia; evitar o consumo excessivo de substâncias estimulantes, como café e energéticos, especialmente perto da hora de dormir; escolher um horário fixo para deitar e acordar, transformando isso em uma rotina para “ensinar” o cérebro; e evitar sonecas longas durante o dia.

Em casos de insônia, a médica recomenda não permanecer por muito tempo na cama apenas esperando o sono chegar. “É melhor levantar, realizar uma atividade manual ou ler um livro, sempre evitando telas, até sentir sono novamente”, orienta.

Por fim, a especialista da Unimed reforça a importância de procurar um médico do sono quando as dificuldades para dormir se tornam frequentes ou prejudicam a qualidade de vida.

Dra. PhD. Amanda Bastos Lira CRM: 4039/Al

Médica do Sono RQE: 2920

Otorrinolaringologista RQE: 1934

Mestre/ Doutora em Ciências da Saúde

Fonte: Algo Mais Assessoria e Consultoria