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Professores na linha de frente: como relações saudáveis na escola podem prevenir sofrimento emocional e bullying

A escuta ativa, a empatia e o olhar atento dos educadores são aliados poderosos para identificar e transformar dinâmicas que afetam o bem-estar dos estudantes

Em meio a pressões por desempenho, desafios do vestibular, uso excessivo de tecnologia e episódios de cyberbullying, a sala de aula tornou-se muito mais do que um espaço de aprendizagem de conteúdos. Hoje, ela é também um ponto estratégico de cuidado e acolhimento emocional, onde professores e equipe pedagógica assumem papel central na prevenção de conflitos e na promoção de relações saudáveis.

Quase um em cada três adolescentes brasileiros sofre de transtornos mentais comuns (TMC), como tristeza frequente, dificuldade de concentração, insônia e falta de disposição, segundo o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), que avaliou 85 mil jovens de 12 a 17 anos em todo o país. O ambiente escolar, onde esses jovens passam grande parte do tempo, é muitas vezes o primeiro lugar em que sinais de sofrimento aparecem, seja por meio de mudanças de comportamento, queda no rendimento, isolamento social ou conflitos recorrentes.

A especialista em pedagogia Waldorf, Fernanda Martins Fontes, reforça que o professor não é apenas transmissor de conhecimento, mas também um observador privilegiado do universo emocional dos alunos. “Além de ministrar os conteúdos necessários, o educador deve ser um observador sensível das transformações emocionais de seus alunos. Afinal, todos os adultos que cercam as crianças e jovens são exemplos e referências para seu desenvolvimento dentro da escola”, afirma.

Entre os sinais de alerta, destacam-se isolamento, queda no desempenho escolar, machucados frequentes, objetos danificados, provocações e apelidos ofensivos, bem como alterações bruscas de humor. Diante desses indícios, a intervenção rápida e cuidadosa é essencial.

O combate ao bullying e à deterioração das relações interpessoais exige um esforço coletivo, que inclui:

Criar um ambiente seguro e respeitoso, com regras claras contra o bullying.
Incentivar empatia e diálogo, com rodas de conversa, dramatizações e atividades artísticas.
Intervir de imediato ao presenciar agressões.
Apoiar emocionalmente a vítima e conscientizar o agressor.
Envolver as famílias no processo.
Promover ações contínuas sobre respeito e diversidade.

“Cuidar da saúde mental dos estudantes é um compromisso coletivo. A escola deve ser um espaço seguro para expressão, desenvolvimento emocional e apoio em momentos difíceis. Quando família e escola atuam juntas, considerando a individualidade de cada aluno, todos se beneficiam”, conclui Fernanda.

Sobre a Escola Waldorf Rudolf Steiner

A Escola Waldorf Rudolf Steiner, fundada em 1956, localizada em São Paulo, é a primeira instituição do Brasil a adotar a pedagogia Waldorf. A escola atua desde a educação infantil até o ensino médio e já formou mais de 4 mil alunos. A proposta da grade estudantil é acompanhar as transformações físicas, emocionais e cognitivas dos alunos, sempre com o olhar para o desenvolvimento integral de cada indivíduo.

Inspirada nos princípios desenvolvidos por Rudolf Steiner, filósofo austríaco e criador da Antroposofia, a escola propõe uma abordagem educacional que respeita os ritmos e etapas do desenvolvimento humano. O método estimula o aprendizado ativo, o vínculo com a natureza, a ausência de tecnologias na infância, priorizando o brincar, a arte e o movimento para compreensão do mundo e das emoções - cujo objetivo é preparar adultos saudáveis e com senso ético.