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Especialista aponta que sobrepeso e sedentarismo contribuem para o avanço do diabetes

Dia Mundial da doença levanta um alerta sobre cuidados e impacto na saúde

O número de crianças e adolescentes com diabetes tipo 2 vem crescendo de forma acelerada no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, os atendimentos ambulatoriais de jovens com esse tipo de doença aumentaram 225% entre 2015 e 2023. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) também indicam que uma em cada três crianças e adolescentes de 10 a 19 anos está acima do peso, o que contribui diretamente para o avanço da condição.

No Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro), a endocrinologista da Hapvida, Camila Madruga, chama atenção para o diagnóstico cada vez mais precoce entre os jovens. “O diabetes tipo 1 sempre foi o mais comum em crianças e adolescentes e continua predominando nessa faixa etária, especialmente nos mais novos. Entretanto, nas últimas duas décadas, tem-se observado um crescimento preocupante dos casos do tipo 2 em adolescentes, impulsionado pelo aumento do sobrepeso, obesidade, alimentação ultraprocessada e sedentarismo”, explica.

Camila explica que, diferente do diabetes tipo 1 (DM1), que é uma doença autoimune em que o sistema imunológico destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina, o tipo 2 (DM2) está relacionado à resistência à insulina. “O corpo ainda produz o hormônio, mas ele não age de forma adequada. Com o tempo, essa produção tende a diminuir. O DM2 é mais associado ao excesso de peso, sedentarismo e fatores genéticos, apresentando um início mais gradual”, relata.

Informações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), analisadas pela organização ImpulsoGov, mostram que o número de crianças e adolescentes com excesso de peso cresceu quase 9% entre 2014 e 2024, totalizando 2,6 milhões de jovens com algum grau de sobrepeso – sendo 1,5 milhão com sobrepeso leve, 840 mil com obesidade e 237 mil com obesidade grave.

Diagnóstico e prevenção – A endocrinologista afirma que os sintomas do diabetes são semelhantes em todas as idades e incluem sede e fome excessivas, urinar com frequência, perda de peso sem causa aparente, cansaço e sonolência. Em crianças pequenas, pode haver retorno da enurese noturna (voltar a urinar na cama) e episódios de vômito.

Camila Madruga pontua que, em crianças, o quadro pode evoluir rapidamente, sendo comum o diagnóstico apenas quando já há complicações, como a cetoacidose diabética. “Os pais devem ficar atentos a sinais de alerta como sede e urina em excesso, perda de peso sem motivo, cansaço e irritabilidade. Diante desses sintomas, é fundamental procurar um médico e realizar o exame de glicemia o quanto antes”, orienta a endocrinologista.

A prevenção deve começar cedo, com alimentação equilibrada e incentivo à prática esportiva. A médica aponta que frutas, verduras, legumes e grãos integrais devem fazer parte do cardápio diário, enquanto o consumo de ultraprocessados e refrigerantes precisa ser reduzido. “A alimentação saudável mantém a glicemia estável, reduz a necessidade de medicamentos e previne complicações. Já a atividade física melhora a ação da insulina, ajuda no controle do peso e traz benefícios emocionais e cardiovasculares”, reforça Camila.

Em casos de pré-diabetes, a doença pode ser revertida com mudanças no estilo de vida.
A especialista orienta que pequenas mudanças consistentes, como caminhar diariamente, ajustar porções e reduzir bebidas açucaradas, já fazem grande diferença nos níveis de glicose.

Fonte: Assessoria