Novembro azul: a importância da inclusão da população trans na campanha
A campanha Novembro Azul reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata, atualmente o tipo mais incidente entre homens, desconsiderando os tumores de pele não melanoma. Contudo, ampliar o alcance da campanha para incluir a população trans é essencial para promover cuidado integral, reduzir desigualdades e colocar em prática o princípio fundamental da Constituição Federal de assegurar a saúde como um direito de todas as pessoas, sem qualquer forma de exclusão.
De acordo com Julio Oliveira, docente e coordenador do curso de Enfermagem da UNINASSAU Maceió, as mulheres trans devem realizar os mesmos exames de rastreamento que os homens cisgêneros. “O rastreio é feito principalmente pelo exame Antígeno Prostático Específico (PSA) e pelo toque retal, métodos eficazes para identificar alterações na próstata. No entanto, esses exames não são recomendados para pessoas assintomáticas sem histórico familiar ou outros fatores de risco”, explicou.
A idade exerce forte influência no risco de câncer de próstata, e a frequência dos exames em mulheres trans segue parâmetros similares aos de homens cis, com início por volta dos 50 anos ou 45 anos, em casos de histórico familiar. “A prevenção envolve hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, sendo uma dieta nutritiva, combater sedentarismo e obesidade por meio da prática regular de exercícios e redução do uso de drogas lícitas ou ilícitas, incluindo evitar tabagismo e consumo de álcool”, destacou o coordenador.
O uso de hormônios femininos, como estrógeno e antiandrógenos, tendem a reduzir o risco de desenvolver a doença ao inibir a ação da testosterona, substância associada ao crescimento das células prostáticas. “Mas é importante deixar claro que a redução não elimina totalmente a possibilidade de desenvolver a doença. Por essa razão, mulheres trans em terapia hormonal precisam manter acompanhamento regular e monitoramento contínuo da saúde”, alertou o professor.
Para Julio Oliveira, há várias maneiras de tornar a campanha Novembro Azul mais inclusiva. Um primeiro passo envolve a atualização dos profissionais de saúde, com formação voltada às diversas identidades de gênero e às necessidades específicas de cada público. “Profissionais capacitados conseguem orientar adequadamente pessoas trans sobre saúde da próstata, incluindo recomendações de rastreamento preventivo em casos sem prostatectomia e presença de fatores de risco. Além disso, ampliar a representação nas mídias, com a inclusão em campanhas e materiais educativos, facilita o acesso à informação e promove um debate mais amplo e acolhedor”.
Episódios de discriminação e preconceitos vividas por mulheres trans nos serviços de saúde desencorajam a busca por atendimento. “Esse cenário reforça a necessidade de atualização contínua dos profissionais, por meio de treinamentos, debates e práticas voltadas à compreensão da realidade vivida por essa parcela da população. Empatia e acolhimento devem orientar o atendimento, favorecendo a criação de uma relação de confiança e maior adesão às recomendações de cuidado e prevenção”, finalizou o coordenador do curso de Enfermagem da UNINASSAU Maceió.
Ascom Uninassau Maceió