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Maceió/Al, 19 de maio de 2024

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19/09/2022 às 15:41

Crônica: Despertadores

Rodrigo Alves (*)

— Clodoaldo meu amigo! Como vão as coisas? E o novo emprego? 

— Qual novo emprego? 

— Ora, o emprego na fábrica de tintas que iria começar essa semana. 

— Fui demitido. 

— Outra vez? É o sexto emprego que você é demitido nesse mês. O que aconteceu dessa vez? Não vai me dizer que chegou atrasado novamente! 

— Justamente isso! Cheguei para trabalhar às dez da manhã e fui despedido. 

— Mas, e o despertador novo? Não funcionou? 

— Acho que tenho algum tipo de maldição. Os despertadores não tocam de manhã quando mais preciso. 

— Até aquele despertador digital que você comprou recentemente? 

— Aquele mesmo. O programei para despertar às seis horas da manhã, mas quando acordei, com a musiquinha do Caminhão de Gás, já era nove e meia. 

— E o despertador? 

— Estava lá, mudo como uma porta! 

— Não é possível Clodoaldo! Quantos despertadores você já teve? 

— Inúmeros! Já comprei despertador à corda e nem tchum dele me acordar. Já tentei colocar o celular para despertar, e quando tocou, já era tarde, na verdade, era o então patrão ligando para me demitir de mais um emprego. 

— Você precisa fazer algo urgente Clodoaldo! Não pode ficar perdendo empregos dessa forma por causa dos despertadores. 

— Eu sei, mas o que posso fazer? Tenho sono pesado e de manhã preciso que alguma coisa me acorde, senão fico dormindo até tarde. 

— Já sei o que fazer Clodoaldo. Vou te dar um presente que fará você acordar todo dia bem cedinho para ir trabalhar. 

— Qual é esse presente mágico, meu amigo? 

— Um galo! 

E dessa forma, Clodoaldo passou a acordar todo dia na hora certa graças ao seu galo, que pontualmente estufava o peito e cantava sem parar quando a claridade do sol começava a despontar timidamente no horizonte. 

Entretanto, algumas semanas depois, o amigo de Clodoaldo o encontra cabisbaixo e moribundo. 

— O que aconteceu Clodoaldo? Algum problema? 

— Fui demitido novamente? 

— Por quê? 

— Cheguei atrasado. 

— Como assim? Você tinha resolvido o problema depois que lhe dei o galo! 

— Eu sei..., mas é justamente por isso. O galo não canta mais de manhã... 

— O que aconteceu com o galo? 

— Eu comi... 

(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.


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