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Maceió/Al, 06 de junho de 2025

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04/06/2025 às 11:22

Livro de colorir: Fuga ou descanso? O que essa nova tendência diz sobre nós, adultos, em 2025?

Por Barbara Nogueira

Se eu te dissesse que, em pleno 2025, uma das atividades que mais cresce entre os adultos é colorir livros, você acreditaria? Pois é. Aquela prática que, até pouco tempo atrás, era associada exclusivamente às crianças, às tardes de escola e às canetinhas espalhadas pela mesa, hoje virou hobby sério, vendido como alívio do estresse, técnica de relaxamento e até ferramenta de autocuidado.

Mas a pergunta que ecoa é: será que isso é uma fuga ou um descanso da tecnologia?

Nunca tivemos tanto acesso à informação. Nunca estivemos tão conectados, tão atualizados e, paradoxalmente, nunca estivemos tão cansados. As notificações não param. As demandas são incessantes. O excesso de telas nos esgota, e a mente, sufocada, procura qualquer rota de fuga. E adivinha? Ela encontrou na simplicidade dos lápis de cor uma espécie de refúgio.

Mas o que isso revela sobre nós?Vivemos, sim, um movimento curioso de regressão consciente. Uma volta ao simples. Ao básico. Ao manual. É como se, no meio do colapso digital, estivéssemos redescobrindo pequenas alegrias esquecidas — e, talvez, essenciais.

Só que aqui entra uma reflexão importante. Colorir, cozinhar, plantar, bordar... tudo isso tem, sim, um papel no descanso mental, na pausa necessária. Mas não podemos transformar isso na anestesia permanente que mascara problemas maiores: ansiedade, estresse crônico, burnout, esgotamento emocional.

O Brasil, aliás, lidera rankings globais de transtornos de ansiedade e depressão. Não é coincidência que movimentos como esse estejam crescendo. O que parecia ser só uma brincadeira virou, na prática, uma das muitas formas que a sociedade encontrou de pedir socorro.

Portanto, sim, é válido. Colorir pode ser autocuidado. Pode ser descanso. Mas que isso também acenda um alerta: Estamos usando nosso tempo de forma intencional ou apenas tentando sobreviver às pressões do dia a dia?

Se antes os adultos entregavam desenhos e canetinhas para distrair crianças, agora são eles próprios que precisam dessa distração. Mas talvez esse movimento fale mais sobre a nossa própria necessidade de resgate interno, de buscar sentido, presença e equilíbrio.

E aqui vale o recado final: não, não é errado colorir. Não é infantil, não é vergonha nenhuma. Pelo contrário, pode ser terapêutico. Mas é fundamental que, enquanto seguramos o lápis de cor, também estejamos segurando uma pergunta fundamental:O que, de fato, eu estou fazendo por mim, pela minha saúde mental e pelo meu desenvolvimento?

Porque uma sociedade mais saudável, mais produtiva e mais criativa não nasce apenas do descanso, mas do equilíbrio entre parar, cuidar e agir.

(*) Bárbara Nogueira é Diretora, Career Advisor & Headhunter da Prime Talent, empresa presente em 27 países pela Agilium Group. Ao longo de sua carreira já avaliou mais de 15 mil executivos de alta gestão. É Conselheira de Administração pela Fundação Dom Cabra | FDC e do ChildFund Brasil. Ela possui certificação de Executive Coach pela International Association of Coaching, é especialista em Microexpressões e Programação Neuro-linguística e possui vivência Internacional na Inglaterra e USA.

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