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Maceió/Al, 29 de março de 2024

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17/05/2021 às 20:21

Crônica: Arrancar a capota do dedão

Rodrigo Alves de Carvalho (*)

Esses dias estava assistindo alguns vídeos no Youtube e acabei me deparando com clipes e programas infantis dos anos oitenta que me transportaram imediatamente à minha infância. 

Ver os especiais da Turma do Balão Mágico ou a molecada do Trem da Alegria cantando “Uni duni duni tê, sorvete colorê...” confesso que vários ciscos acabaram caindo em meus olhos. 

Enquanto relembrava os bons tempos divaguei sobre alguns significados das palavras e frases que dizíamos naquela época em nossas brincadeiras e hoje com certeza a criançada não faz ideia do que se trata: 

“Tirar tosinha” – Não. A gente não corria atrás dos cachorros com aparelhos de barbear para tosa-los. Tirar tosinha era soltar pipa e tentar cortar a linha da outra pipa. 

“Pingo de olho” – Se alguém imaginou que pudesse ser colocar colírio nos olhos, se equivocou. Pingo de olho era uma tática usada nos jogos de bolinha de gude ou “fubéca” onde colocava-se uma bolinha no chão e soltava a outra bolinha sobre ela na altura dos olhos. 

“Três vezes preso se comer covão” – Dá para imaginar a polícia chegando no local da brincadeira para prender o moleque que apanhou uma grande folha de couve para come-la? Porém, três vezes preso se comer covão era uma frase usada também nos jogos de bolinha de gude para que o jogador adversário não tentasse acertar a sua bolinha esticando o braço e encurtando a distância. 

“Mudinha” – Calma jovem leitor, não precisa fazer essa cara de desconfiado, não se trata de alguém com problemas de fala, tampouco mudas de plantas, essa palavra era usada para mudarmos as figurinhas de lugar quando brincávamos de “bater figurinhas” ou “Bafo”. 

“Arrancar a capota do dedão” – Acho que dá para imaginar o que isso significa. Em jogos de futebol nos campinhos de terra ou mesmo na rua, arrancar a capota do dedão era chutar uma pedra ao invés da bola ou mesmo dar um chutão no chão e a unha do dedão sair totalmente ou parcialmente. E como doía! Era preciso muito tempo até a unha crescer novamente para voltar a jogar bola. 

E existem muitas outras palavras e frases de antigamente que as crianças de hoje não sabem. Infelizmente do jeito que as coisas mudam e aquelas brincadeiras estão se extinguindo, acredito que nunca saberão. 

Talvez seja assim mesmo, as gerações passam e novas brincadeiras surgem, daqui trinta ou quarenta anos nossos filhos e netos também terão saudades quando lembrarem de Minicraft, GTA, Pokémon, Playstation... 


(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores. 


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