O combate ao déficit habitacional no Brasil precisa partir de uma visão humanizada, alçando o direito à moradia à condição de prioridade da sociedade, afirmaram os participantes do painel “Moradia digna e déficit habitacional no Brasil”. O debate foi realizado nesta quinta-feira (12) no Conecta Imobi 2024, principal ponto de encontro de profissionais do setor imobiliário da América Latina, que chega à 11ª edição.
Sob mediação de Mariana Barros, sócia-fundadora da agência de comunicação Cidades 21, o painel debateu as razões e as características do déficit habitacional no país, e o papel do mercado imobiliário nesse processo.
“Quando se fala em moradia, tem que falar em dignidade. É preciso ter um olhar para o que está irregular. Em muitos municípios, há moradias, mas não estão dentro do registro e são indignas. Não só em comunidades periféricas, tem bairros com casas complexas onde as infraestruturas essenciais são deficitárias. Moradia não é só construção; dentro da construção, podemos melhorar e dar dignidade. Que tal valorizar o que está posto?”, afirmou Helen Fabiola Moraes, CEO da HB Construtora.
Segundo ela, a falta de diálogo com quem necessita de moradia acaba desembocando em soluções paliativas. “Muitos programas entregam imóveis sem que nunca tenha sido perguntado às pessoas se era aquilo que elas queriam. Quando a gente não humaniza as construções, a pessoa acaba saindo dali. Não é dessa forma que vamos suprimir o déficit habitacional. Tem que partir de uma visão humanizada da habitação.”
Helen afirmou ainda trabalhar com corretores para identificar loteamentos irregulares para que a HB Construtora faça o processo de reurbanização e prepare os imóveis para uma venda futura a preço mais justo. “Imagina quanto não está se deixando de ganhar no comercial por ser irregular”, questionou.
Bruno Sindona, conselheiro do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável) e fundador da Sindona.inc, reforçou a busca por dignidade no combate ao déficit habitacional no Brasil.
“A diferença gritante entre a casa do rico e a do pobre é algo simples, mas intangível: autoestima. Quantos negócios são feitos em um churrasco? O pobre brasileiro, mesmo quem não está no déficit, não tem essa opção. A grande maioria das famílias não têm um cômodo no qual caiba a família inteira de uma vez. Isso é muito importante para o desenvolvimento das famílias”, afirmou.
Ele também salientou a falta de prioridade histórica a essa questão no país. “O Brasil não encara isso como prioridade. A sociedade não vê na moradia digna um compromisso social. Parece um compromisso particular. Quando na verdade a sociedade tem um problema, é algo que reflete em segurança pública, saúde. Conheci casas em que bebês eram comidos por ratos. A moradia é uma questão coletiva”, refletiu.
A solução, segundo ele, passa também por instalar moradias populares em áreas nobres, com alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), como a Sindona.inc promove atualmente em um empreendimento nos Jardins.
Frederico Poley, pesquisador da Fundação João Pinheiro, pontuou que o déficit quantitativo chega, hoje, a 7 milhões de domicílios no país, enquanto o déficit qualitativo, no qual não há necessariamente demanda por substituição, atinge 25 milhões de domicílios. Segundo ele, dois fatores novos vêm se impondo e elevando a prioridade dessa questão na sociedade.
“Política habitacional realmente está no fim da linha das prioridades historicamente no Brasil. É pouco discutido na sociedade. Mas algo está acontecendo e colocando a habitação num papel importante: primeiro as pandemias, depois a questão ambiental. São coisas que afetam a todos, não adianta o rico se isolar no seu condomínio fechado”, afirmou.
Organizada pelo Grupo OLX, que reúne os portais de imóveis ZAP, Viva Real e OLX Imóveis, a edição de 10 anos do Conecta Imobi traz o tema “De Geração para Geração” e consolida o evento como o maior ponto de encontro dos profissionais do mercado imobiliário da América Latina, tendo entre os patrocinadores a americana RE/MAX, a Laren International Real Estate (Emirados Árabes Unidos) e a brasileira Lopes.
Fonte: Assessoria
(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]
© 2024 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.